A ÁRVORE DA VIDA >> Eduardo Loureiro Jr.
A vida é feito uma árvore de Natal.
Embaixo estão os presentes, os embrulhos de presente, a sequência dos dias, nossos 365 presentes anuais. Cada um com peso, tamanho, formato e cor próprios. Todos presentes, todos dias, mas cada um a seu jeito, pedindo um desembrulhar diferente, oferecendo uma surpresa diversa, servindo para um propósito distinto. Cada um de nós tem o seu presente, misturado com o presente do outro, os presentes dos outros. Cada um recebe segundo seu merecimento, disfarçado de generosidade alheia. Cada um dá o que está podendo, ou querendo. Essa é a base da árvore. Poderíamos mesmo dizer que se trata de suas raízes expostas: os presentes, o presente, nosso dia-a-dia.
Depois temos a árvore propriamente dita. Um tronco que quase não se vê, o rumo da nossa vida, aparentemente oculto entre tantos galhos, bifurcações, afazeres, folhas, papéis, agendas, compromissos, distrações. O tronco da vida é duro, é firme, sustenta nossa própria existência. Mas para que suportemos a missão é preciso os galhos mais leves, as folhas suaves. O verde é da esperança, e também da verdade: algo nos sustenta, algo nos nutre, algo cresce, algo floresce. Na parte inferior, a copa da árvore é ampla, são muitas as possibilidades: podemos tudo em nossa infância e juventude. Com o tempo, a copa vai se estreitando, diminuem as opções, mas diminuem também os desentendimentos: quanto mais subimos na árvore, a posição dos outros se aproxima, mesmo aqueles que estão mais distantes de nós estão, na verdade — na verdura — mais perto. Na estreiteza da copa está a comunhão das sensações, dos sentimentos, dos pensamentos. Quanto mais subimos, mais seguimos juntos, mais nos aproximamos do ponto em que estaremos unidos, em que seremos um só.
Nesse ponto, no topo da árvore, está a estrela. Não a estrela cadente dos sonhos que poderão se realizar, mas a estrela firme da iluminação, do sonho realizado realizando-se eternamente. A estrela que expande o que era o ponto final. A estrela que comprova que no fim do afunilamento não está a aniquilação, mas o brilho próprio, inapagável.
A cada Natal, essas árvores se multiplicam nas casas, nas praças, nas lagoas, nos lembrando do sentido vertical da vida. A cada Natal, sentimos o frescor da vida animar nossa consciência. No dia 6 de janeiro, recolhemos as árvores e estamos sujeitos a esquecer sua imagem, sua mensagem: os presentes diários a desembrulhar, a esperança e a verdade para crescer, a luz a alcançar. Mas a cada ano, em dezembro, a imagem retorna, renasce, a nos orientar, refrescar e mover. Até que a guardemos não apenas em sacos plásticos e caixas de papelão, mas em nossa consciência e em nosso coração, recebendo diariamente seus presentes, crescendo dia após dia, se aproximando com convicção do nosso destino: a luz que vem de dentro e que tem um brilho eterno.
Embaixo estão os presentes, os embrulhos de presente, a sequência dos dias, nossos 365 presentes anuais. Cada um com peso, tamanho, formato e cor próprios. Todos presentes, todos dias, mas cada um a seu jeito, pedindo um desembrulhar diferente, oferecendo uma surpresa diversa, servindo para um propósito distinto. Cada um de nós tem o seu presente, misturado com o presente do outro, os presentes dos outros. Cada um recebe segundo seu merecimento, disfarçado de generosidade alheia. Cada um dá o que está podendo, ou querendo. Essa é a base da árvore. Poderíamos mesmo dizer que se trata de suas raízes expostas: os presentes, o presente, nosso dia-a-dia.
Depois temos a árvore propriamente dita. Um tronco que quase não se vê, o rumo da nossa vida, aparentemente oculto entre tantos galhos, bifurcações, afazeres, folhas, papéis, agendas, compromissos, distrações. O tronco da vida é duro, é firme, sustenta nossa própria existência. Mas para que suportemos a missão é preciso os galhos mais leves, as folhas suaves. O verde é da esperança, e também da verdade: algo nos sustenta, algo nos nutre, algo cresce, algo floresce. Na parte inferior, a copa da árvore é ampla, são muitas as possibilidades: podemos tudo em nossa infância e juventude. Com o tempo, a copa vai se estreitando, diminuem as opções, mas diminuem também os desentendimentos: quanto mais subimos na árvore, a posição dos outros se aproxima, mesmo aqueles que estão mais distantes de nós estão, na verdade — na verdura — mais perto. Na estreiteza da copa está a comunhão das sensações, dos sentimentos, dos pensamentos. Quanto mais subimos, mais seguimos juntos, mais nos aproximamos do ponto em que estaremos unidos, em que seremos um só.
Nesse ponto, no topo da árvore, está a estrela. Não a estrela cadente dos sonhos que poderão se realizar, mas a estrela firme da iluminação, do sonho realizado realizando-se eternamente. A estrela que expande o que era o ponto final. A estrela que comprova que no fim do afunilamento não está a aniquilação, mas o brilho próprio, inapagável.
A cada Natal, essas árvores se multiplicam nas casas, nas praças, nas lagoas, nos lembrando do sentido vertical da vida. A cada Natal, sentimos o frescor da vida animar nossa consciência. No dia 6 de janeiro, recolhemos as árvores e estamos sujeitos a esquecer sua imagem, sua mensagem: os presentes diários a desembrulhar, a esperança e a verdade para crescer, a luz a alcançar. Mas a cada ano, em dezembro, a imagem retorna, renasce, a nos orientar, refrescar e mover. Até que a guardemos não apenas em sacos plásticos e caixas de papelão, mas em nossa consciência e em nosso coração, recebendo diariamente seus presentes, crescendo dia após dia, se aproximando com convicção do nosso destino: a luz que vem de dentro e que tem um brilho eterno.
Comentários
beijos
Lindo texto.
Estou aqui abrindo meus dias presentes em BH. :)
Como um artesão das palavras você utiliza as letras do alfabeto e nos dá um texto primoroso. Parabéns! E, obrigada pela partilha.
sua lucidez poetica continua me encantando!