COTOVELOS >> Sergio Geia

Algo preocupante me ocorreu nesta manhã. Saí de casa para o trabalho, apertei o botão do elevador, entrei. A cabeça estava na segunda-feira, na semana que começava, nesta roda gigante que é a vida. De repente, meu olhar pousou no canto do espelho, na imagem que refletia um homem sonolento. Nesse momento vi, e a visão fez meu mundo cair: velhos; meus cotovelos estão velhos. Talvez você não tenha compreendido (ainda) a dimensão dessa simples constatação. Pode achá-la tola, e você está no seu direito. Mas me dê uma chance de explicá-la, quem sabe você me dê razão. Os sinais da velhice são ocultados de diversas formas: cabelos brancos, por exemplo, recebem tinta; vincos da face, cremes. Você até elimina esses vincos; pode remodelar o tamanho dos lábios, afinar nariz, clarear dentes e alinhá-los, pode perder peso, fabricar músculos, espetar um brinco na orelha, desenhar um dragão no ombro, pode o diabo a quatro para manter a juventude que teima em partir. Pode usar cal