Eu me assombro não só comigo mesma ao retaliar mágoas e tentar calar avarias. Assombro-me com as refutações escaldantes que se propagam nesse eternamente de rótulos e sustos. Sinto muito, meu caro, mas em mim moram vírgulas deslocadas, assimetrias inconvenientes; a minha voz cala e consente, mas nem sempre onde você deseja. É sempre num pouco antes... Num depois de agora. Não visto as máscaras da sua preferência, mas se permitir posso me fantasiar de quem sou e, de repente, quem sou lhe bastará justamente pelas temidas diferenças que você evita reconhecer. Talvez eu seja quase o que você espera, e no quase os quasares se distraem, e nos atazanam pela distância que nos separa, apesar de colidirmos freqüentemente. Eu me descabelo mesmo, meu caro, se me vejo na vitrine das mesmices. Se em você busco conforto, quiçá um naco de confronto que dê em fazer as pazes, saiba também que me intriga constatar que você não me sabe com profundidade como o sei. Prestar atenção dói? Desvendar é proibido
sua dose diária de conversa fiada