Há esse momento em que tudo anda tudo demais. A capacidade de observar e compreender se perde em uma insistência voraz em explicar. A necessidade de explicar o que não nos cabe é de tomar espaço imenso na nossa percepção. Por exemplo, agora, nesse momento, meu tudo está tão tudo, agindo feito uma microfonia que já dura horas. Aguda, capaz de minar qualquer paciência. Em momento feito este, eu escrevo. Algumas linhas. Alguns versos. Alguns pensamentos. Alguma piada mal construída, que não nasci com dom de fazer graça da forma sagaz que aprecio. Escrever me ajuda a abaixar esse volume, até que ele se canse de mim, do meu silêncio, e me perceba inóspita. Vá embora. Dia desses eu estava no ônibus e entrou uma mulher com seu filho, um menino de quatro, cinco anos de idade. Enquanto esperávamos o motorista voltar de seu intervalo e nos levar para casa, esse menino insistia em beijar a mãe. Quando ela disse que já bastava de beijos, que ele tinha de se aquietar, o menino, com a voz mai
sua dose diária de conversa fiada