UM PAPO COM SÃO PEDRO E SÃO PAULO >> Sergio Geia

De um lado vejo Pedro. Do outro, Paulo. O velho Pedro segura uma bíblia na mão direita. Ele a tem próxima à cintura, como se fosse um caderno. Me lembra um estudante despreocupado indo pra escola. Na outra mão ele traz as chaves do Reino dos Céus. Procuro um cajado, cadê o cajado, Pedro? Não há cajado. Seu semblante é leve, está zen, bem zen, passa a serenidade dos grandes líderes, embora um pouco pálido. Paulo também tem uma bíblia nas mãos. Diferente de Pedro, ele a traz junto ao coração, como se fosse um objeto precioso e de amor. Vendo a cena de Paulo e sua bíblia, me vem à mente o tio Nilson, Nirsão pros irmãos. Certa vez ele me encontrou numa dessas festas de fim de ano, era só assim que nos encontrávamos. Entre discussões fervorosas sobre temas variados — tio Nilson entendia um pouco de tudo e aqueles encontros em família eram ricos de discussões acaloradas — e um gole de cerveja, ele me disse: — Serginho, você que gosta de ler, tenho um livro lá. Vou lhe dar de pre