Fim de semana. Vizinho dela há anos, ele a observa quando a moça decide tomar sol na varanda, sentando-se em uma confortável poltrona para observar horizonte. Ela não sabe o que ele faz da vida, mas sim que o moço gosta de ler, porque sempre que o vê, ele está em companhia de um livro. Nunca se falaram, trocaram olhares uma vez, a primeira em que foram até a varanda ao mesmo tempo. Depois disso, aprenderam a se ignorar, melhor remédio quando se deseja estar a sós, mas a varanda é colada à do vizinho. Ela se acha uma pessoa de sorte, porque seu vizinho é silencioso, raramente tem companhia, não a importuna com problemas de seu apartamento. Ele acha que ganhou na loteria, porque sua vizinha gosta de música, mas o gosto deles é parecido, então ele não se incomoda quando ela extrapola. Até abre a porta que dá para a varanda, para escutar melhor a trilha sonora do dia. Ela janta às sete, todos os dias, sem margem para atraso. Às nove já está na cama, porque acorda às cinco para se ar
sua dose diária de conversa fiada