Eu tinha sete anos e não me lembro de muita coisa daquele tempo, mas os gritos de Tia Lurdinha à beira do poço eu nunca vou esquecer. Outras crianças chegaram de todos os lados porque não havia cercas, o terreno tinha muitas casas de barro e sapé e os gritos foram ouvidos em todas as direções. - Meu Filho! – dizia ela cada vez que completava uma volta e olhava para o poço. Depois das crianças, chegaram as mulheres, olhos arregalados, arranhando-se nas moitas de vassoura. Da Tia Lurdinha podia-se dizer muita coisa, que falava demais, fazia fofocas, era chegada num escândalo, mas não que era descuidada com os filhos. Vivia para eles as vinte e quatro horas do dia. Mas nenhuma mãe sabe dos filhos o tempo todo e ela tinha onze, de dois a dezessete anos. Surgiam na hora de comer e dormir. Viviam soltos pelos matos e entre as casas como as outras crianças. Os filhos eram comuns assim como o poço e o varal. Adultos eram autoridades e quem estivesse por perto cuidava de filhos, s
sua dose diária de conversa fiada