TORTO >> Carla Dias

É enganado esse caminho que leva ao outro. Cada pedra-tropeço, cada descaso nutrido pela ignorância que cria valas a serem ocupadas por desconexões profundas, de alimentar desigualdades. Passo a passo, a se abeirar com seus propósitos disfarçados de zelo, reconhecimento. Observe: Nas veias correm sangue, no estômago grita a fome, na pele eriça o desejo, na boca morre a palavra. As solas dos pés sonham estradas, mesmo quando é um cubículo o cenário disponível, mesmo quando a vastidão se deita à frente e de nada vale esse tanto. Não é nos bolsos que mora a verdade. Mesmo vazios, transbordam alegrias. Mesmo habitados por tantas riquezas, carecem do que não podem adquirir, ainda que insistam no assunto. Poderia usar palavras onde elas caibam em significado: prédios vazios de gente, frutos de mentes que amam prédios, mas não pensam em gente. Cidade de ruas cheias de gente, e não, não é show, celebração, mas cama de calçada. Corpos deitados em honra ao rótulo de inutilidade. Vasilhas de ampa