UM DIA DEPOIS DO OUTRO DEPOIS DO OUTRO >> Zoraya Cesar
De segunda a sábado, chovesse ou fizesse sol, com ou sem greve dos transportes públicos, Jocineide não faltava ao trabalho. Limpava, passaava, lavava e arrumava para seis patroas diferentes, uma para cada dia da semana. Patroa não, corrigia ela, cliente. Jocineide tinha classe. Falava em voz baixa, era discreta, vestia-se, em qualquer ocasião, como quem iria a um compromisso social importante. Os cabelos jamais estavam em desalinho e só andava cheirosa. Era um capricho só com a própria aparência, com as casas nas quais trabalhava e com tudo em que pusesse as mãos – cujas unhas estavam sempre pintadas e bem cuidadas. As clientes pagavam-na regiamente, pois preferiam a morte a perder uma diarista de confiança, competente, e que jamais as deixava na mão. Guardar algum dinheiro, ela até guardava, a duras penas, mas nunca sobrava o suficiente para arrumar seu barraco e sua vida do jeito que tanto queria. Jocineide nasceu princesa num ambiente plebeu. A começar pelo marido, qu