Celestina >> Alfonsina Salomão
Embora não o dissesse, Celestina sabia que não se chamava assim à toa. Pertencia às abóbodas celestes e estava na Terra de passagem - só Deus sabia o que se passara na sua cabeça na hora em que aceitou reencarnar. Deveria estar entediada, talvez tenha pensado que seria divertido ter um corpo, experimentar o mundo através dele. Ou talvez, num voluntarismo impulsivo, oferecera-se para dar uma ajudinha à humanidade. Que erro... se soubesse que seria tão complicado teria ficado por lá, servindo de conselheira aos anjos ou algo que o valha. Às vezes era tomada por uma espécie de nostalgia, uma vontade enorme de não estar mais aqui. Não eram tendências suicidas. Celestina estava longe de ser depressiva, sua mente não abrigava nenhum pensamento mórbido. Era canseira de tudo isto mesmo, somada à crença de que a vida não se resumia ao nosso plano tridimensional. Não precisava de mais nada para sentir um desejo danado de ir para o céu. Outro dia buscou seu filho na escola e levou-o para