A história que eu tento escrever se passa em Brasília. Isso, de fato, tem se revelado uma das experiências mais terríveis para mim porque a capital do nosso país não têm ruas. Brasília tem códigos criptografados no lugar de ruas. Para quem não é leitor contumaz de contos e romances — e muito menos escritor — , pode parecer tolice. Não é. Trata-se do tipo de coisa que interfere diretamente no legado de uma obra literária. Meses, anos, décadas depois de uma leitura, personagens e cenários memoráveis acabam sendo decisivos sobre o que, realmente, permanecerá. Itinerário e gastronomia são o que há de marcante para mim numa história. A textura e os aromas de ruas e alimentos têm sido responsáveis pelas minhas melhores recordações. Ponto este que, sem dúvida, depende de um fator emocional e estilístico. Não basta, simplesmente, que se enumerem toques, cores, nuanças, ruídos, jogos de luz e sombra. Bem entendido: ruas e pratos devem ser peças e não acessórios da narrativa. L
sua dose diária de conversa fiada