hoje encontrei um véu caído na calçada e minhas mãos ficaram feridas pelos espinhos que ele escondia limpei-as com um lenço novo que logo se maculou como os sujos panos de guerra minha cara barbuda mostra cicatrizes amargas mas as que ainda doem tanto são aquelas que só eu não entendo vi um cordeiro branco balindo porque ele sabe a noite ela está para chegar um carpinteiro construiu uma cruz na beira de um lago tranquilo mas meu espírito morto sabia que ainda deveria andar mais e encontrar meus demônios que me cantam cantigas de ninar eu vi o reflexo de um homem e procurei saber mais mas antes que o reconhecesse um espelho partiu-se em vários pedaços então nada a comemorar sem motivos para sorrisos cruzes e cicatrizes é o meu presente para você joelhos dobrados braços eretos em direção aos céus implorando por paraísos inexistentes ilustração (lápis em cartolina) por ana betsa publicado originalmente no livro 7 © 2010 do autor
sua dose diária de conversa fiada