" Penetra surdamente no reino das palavras. " (Drummond) Você conhece o poder das palavras. De salvar uma alma penada das penas de outras palavras. De cavar sepulturas. De alçar às alturas. De ajoelhar. De fazer chorar: de dor, de alegria. O poder da coberta e o de desnudar. De mover as pessoas. De parar as pessoas. De impedir as pessoas. De tudo o que há, podem as palavras. E podem — ainda — de tudo o que não há, mas que se possa imaginar. Conhecendo o poder das palavras, a gente tenta se apoderar. Qual a palavra que abre? — Abracadabra. Qual a palavra que voa? — Pirlimpimpim. Qual a palavra que encerra? — Chega! Qual a palavra que entrega? — Adeus. Qual a palavra que leva? — Inté. Qual a palavra que pede? — Perdão. Qual a palavra que toca? — Vem... E por vezes acertamos a palavra e o desejo, e sentimo-lhe a firmeza como se o poder fosse nosso. Mas a palavra vem de antes do nosso corpo. "No princípio era o verbo", e não a carne. Nós fomos feitos da palavra — não
sua dose diária de conversa fiada