VIÚVA NEGRA >> Zoraya Cesar
Elza sempre fora chamada de Elzinha, e não poderia ser diferente. Tão magra que mais parecia um daqueles gravetinhos que caem ao chão à mais leve brisa, e fazem crec-crec quando pisados. Era uma frágil donzela, sempre doente, tímida e feia. Não feia horrenda, mas feia feinha, sem graça e sem jeito. E esquisita também, vivia falando em magia negra, mortos-vivos, feitiçarias do Além. Acreditem em mim, Elzinha era desprovida de encantos outros que não sua inteligência e delicadeza – parecia incapaz de fazer mal a quem quer que fosse, nem carne comia. Seu destino, comentado à socapa por toda a família, era o de morrer solteirona - isso se vivesse muito, diziam. No entanto, Elzinha tinha um encanto bastante sedutor: era rica. E, como era de se esperar, acabou encontrando quem quisesse casar. Afinal, beleza não põe mesa, mas dinheiro sim. E porque Marcos Patrício iria se importar com o constante estado adoentado de Elzinha, seu olhar meio parado, seus dentes fora de ordem, suas mania