ONDE >> Carla Dias
Onde, quase sempre, especialmente diante de qualquer ansiedade, fica longe. É bom quando esticar o braço, abrir a porta, retirar-se nos leva ao onde importa. Não raro, lidamos com a distância feito provedora de devaneios, e assim, onde se torna além. De onde em onde, ele muda de cara. Então, acabamos debaixo de uma variedade de circunstâncias indigestas, protegidos pela ideia de que seria lindo estar onde gostaríamos. Dureza é não saber onde este onde fica. Segundos depois, diante da presteza do desapontamento, o onde nos escapa, e lá estamos, sem onde e sem quando e sem seta apontando para a geografia da fuga. Aliás, fuga é o onde sempre à disposição, basta o interessado se dispor a cortejá-la, o que é feito, quase sempre, como fosse possível coordenar os rompantes dela. Enganar-se, por gosto ou escolha, é terapia ocupacional para quem não sabe onde fica o onde estar. Meu onde às vezes cabe em um livro, mas, não raro, se esparrama no olhar de outras pessoas. Ele se espreme ...