O FAZEDOR >> Carla Dias

Gostaria de ser capaz, mas não compreende muito bem o mantra “capacite-se!”. Pensa nisso por algum tempo, mas depois deixa o assunto de lado. Qual capacitação caberia no cordel das suas habilidades? Sabe ferver água para chá acalmador de desespero, curar soluço com susto, apaziguar o fervor do destempero com gargalhadas sonoras, impossíveis de serem ignoradas, e por aí vai. Vem dessa versatilidade a série de apelidos que ganhou. De todos eles, apenas um aceita sem ressentimento: fazedor. Quase todos do bairro o chamam assim, e há tanto tempo, que ele duvida que se lembrem de seu nome. Às vezes, até mesmo ele se esquece do dito. Sim, é fazedor daquilo que a maioria não sabe, não quer ou não consegue fazer. Matar barata entra na lista, mas difícil mesmo é quando o alvo é gente que chega com seus desafios pessoais. Desanima-se quando na sua lista de afazeres entra o que não consegue entender uma pessoa não saber, não querer ou não conseguir fazer. Mas logo se apruma, porque compreende que