Meu amor que me perdoe, mas passo quase todo o meu tempo, aqui na Itália, pensando na loura. Ou, em bom cearensês, na lôra. Já são dez dias de viagem, e nenhum deles se passou sem que me falassem da lôra. É, de longe, a pessoa mais citada na Itália. Como o pessoal de Fortaleza chama a prefeita Luizianne de "lôra", pensei até que fosse o caso também aqui. Mas os prefeitos -- aqui se diz "sindaco" -- de Roma, Bologna e Firenze, as cidades por que passei, são todos homens. De todo modo, deve ser uma pessoa famosa, famosíssima, porque se fala na lôra em todas as situações, das mais triviais às mais formais. É a lôra pra cá, a lôra pra acolá. Talvez seja uma dessas mulheres modernas, mulher-macho-sim-senhor, independente, que trabalha três expedientes, bem-sucedida. Mas, às vezes, um homem diz "a lôra" e não fala mais nada, fica com o pensamento suspenso, e nesses momentos eu imagino que a lôra talvez seja uma mulher formidável, feminina, linda... quem sabe um
sua dose diária de conversa fiada