UMA PETRÓPOLIS E 166 MARIAS
>> Maria Rachel Oliveira

(Palácio de Cristal - foto Márcio Pregal)
Pois que 16 de março é o aniversário de Petrópolis, onde nasci e onde moro até hoje – apesar de algumas tentativas de abandono malsucedidas. Acho que a cidade está fazendo 166 anos. Digo acho porque foi impossível checar rapidamente a informação com uma simples googlada – como aliás se resolve praticamente tudo ultimamente. Uma das maiores falhas do município é justamente a qualificação dos profissionais de algumas áreas, entre elas, da Comunicação – e não foi possível encontrar essa informação na página da Prefeitura.
Soube, não me lembro bem em que momento, que a cidade começou a nascer quando nosso então Imperador Dom Pedro I, que ia do Rio de Janeiro para Minas, olhou lá nossas matas e achou um lugar aprazível para parar e apreciar o clima ameno e a vegetação exuberante da região. Bem ao estilo da Coroa, logo tentou comprar a fazenda onde havia se hospedado, na região do distrito hoje conhecido como Corrêas (então fazenda Padre Correia). Não conseguiu, mas acabou convencendo o proprietário do quinhão de terra vizinho, e da Fazenda do Córrego Seco deu de nascer minha cidadezinha querida. Bem ali, no Museu Imperial (onde matei uma meia dúzia de aulas passeando pelo jardim), a menos de um quilômetro da minha casa.
Se desde a minha adolescência, minha Petrópolis já não é a mesma, nem a vida e nem o mundo o são, em igual medida – nem iguais permanecemos nós, ainda bem; espantoso se fôssemos. Já mudei e mudaram-me tanto que já começo a namorar de novo com a idéia de deixar a minha terra. Resultado, talvez, de um mix de preguiça misturada com praticidade e um certo dó.
Dó de desatar esses laços que foram feitos com as delicadas lembranças que só os primeiros olhos vêem e as primeiras emoções sentem. Como por exemplo, o Palácio de Cristal, onde eu acreditava – e ainda hoje duvido se não – que à noite bailavam príncipes e princesas. Quando me convencer por um lado ou outro, decido.
Até lá vou caminhando pelas sombras de suas grandes árvores, fotografando a Catedral, passeando de pedalinho pelo lago do Quitandinha e assistindo ao pôr-do-sol do Parque São Vicente. E - quem há de saber - se isso é um reencontro ou uma doída despedida. Até lá há ainda há muitos dias a se celebrar. Algumas Petrópolis. E muitas Marias.
Comentários
beijo grande!
gostosa crônica sobre sua cidade, tão cheia de história. O que restou do Brasil Imperial está aí e a serra que a abriga é das mais lindas do mundo.
O caminho do Rio para Minas é (bem) anterior a essa data, o que me leva a crer que o imperador acertou na mosca...
Evaldo C. Macedo.