EXÍLIO >> Carla Dias

Amanheci naquele lugar e não havia quem. Não havia pessoa para me entregar serventia. Naveguei por mares sumidos. Ainda penso neles como movimento, pele das ocasiões, suor da existência. Penso neles como penso nas pessoas que não conheci, mas se tornaram minhas companheiras de exílio. Escuto o que algumas têm a dizer, escolho outras para ignorar, o controle remoto servindo de guia. Os sons me fazem companhia. Não raro, o do vento se arrebenta nas costas das paredes das casas abandonadas. Há dias em que parece canção desprendida da dor de alguém, chego até a chorar, compadecida. É diferente de quando lamento minhas próprias dores, elas que latejam sem pausa, justo quando a pausa é a necessidade que me hostiliza, por eu não ter como atendê-la. Não à toa, elas me fazem escolher o pior abrigo: um desejo irrealizável, de martirizar o possível na condição de insuficiente. Não é assim pagar pecado? E eu pago os meus à vista, que nunca fui de fazer de conta, vou logo me debatendo nos erros, qu