Do alto de uma montanha, na varanda do chalé de madeira, eles olhavam a cidade imersa no vale. Sorriram, encapuzados até o pescoço por conta do frio. Fazia algum tempo tinham ido viver ali. Lá embaixo, os movimentos do vilarejo revelavam uma manhã de sábado acolhedora embora a temperatura permanecesse baixa. A vida por ali é tranqüila. O lugar está sempre repleto de viajantes, pessoas que vêm quase sempre sem a menor intenção de ficar. Casas de chocolates, perfumes, vinhos e especiarias figuram o cartão de visitas para receber esses que perambulavam pelas ruas estreitas, de pedras, cercadas pelo vento cortante. Rodeada de montes, chamaram-na Monte Verde e ela se fez verde de verdade: verde de esperança, de chegadas, partidas, idas e voltas intermináveis em busca de origens, mistérios, sonhos, carinhos. Alguns encontram o que desejam: somente esses criam raízes. Por todos os espaços, fornalhas são expostas alimentadas pela lenha seca que aquece os ossos e as almas. Dizem que fantasmas
sua dose diária de conversa fiada