Há dias em que ele engasga. Diz nada, nada. O engasgo dele se arrasta pelas horas, acompanhado de um silêncio que reverbera carrancudo na imaginação dos seus observadores da rotina. O que você tem hoje? Ele escuta, tenta até oferecer sorriso, que morre ali mesmo, no parco desejo de sorrir. Não, não... Ele não é daqueles... Sim, ele sabe. Porque a conheceu, entendeu logo que ela seria companhia esporádica, de breves e devastadoras visitas. Que de nada valeria tentar esticar duração daquela desesperadora excitação que o invadia, a cada vez que ela abria a porta e entrava, como se pertencesse à arquitetura do momento. A cada vez que a encara, dramática na sua chegada, sente-se miúdo, menino sem ideia do que fazer para fugir do que o agonia, mesmo sendo bom. Principalmente por ser bom. Ah, a tal ardilosa felicidade. Descartadora de proteções necessárias para não se morrer de secura de sentimento. Mas em dias como este, ele tropeça nesse silêncio, como se o tal