JÁ FOI, NÃO VIU? >> Carla Dias >>
Imaginou-se em tantos lugares, quando imaginar ainda era trampolim para as realizações que almejava. Imaginar era dar forma ao que encontraria, e em breve, caso tivesse sorte. Imaginou-se longe, geograficamente distante dos lugares que lhe pareciam comuns e esgotados de atrativos. Nos seus devaneios, haveria sempre a novidade para pincelar alegrias em dias cinza e para corar as faces pálidas da mesmice. O mundo, muito bem entendido com o futuro, prometia-lhe uma gama de grandes acontecimentos. Nada ostentoso, apenas novo e diverso, e indiscreto, como se a festa começasse sem direito ao fim. Imaginou-se realizando projetos, intervindo a favor dos menos privilegiados, incorporando ao seu currículo a faceta humanista que sempre lhe coube tão bem. Em breve, viraria o mundo ao avesso, e neste avesso ajudaria a muitos a se tornarem, como ela, pessoas dignas de receberem o melhor da vida. Enquanto pensava a vida que teria, anotava tudo, e nesta lista, no topo dela, estava o desejo por ter