MÃE DE DUAS >> Kika Coutinho
Estamos brincando de esconde-esconde, é a vez dela. Quase chegando aos dois anos Sofia já fala tudo e não hesita em me avisar: “Vou esconder mamãe.” Vai filha, respondo, vai que a mamãe vai te achar.
Ela corre pelo corredor, toda alegre, e entra no meu quarto. Quando decido ir procurá-la, escuto o choro da caçula, minha bebezinha que grita no berço. Vou ver o que é. Xii, coco. Nossa, quanto coco Olivia, vazou tudo, eu penso, levantando-a. Ela grita mais. O lençol está sujo, a roupinha molhada, até o travesseiro? Olivia, que coisa, como você é ninja, vou sussurando enquanto levo-a para o trocador. Ai, tá sem algodão. Caminho para o armário, acho um pacote, é o último, preciso anotar para comprar mais. Deito a minha bichinha sobre a cômoda, tiro a fralda, nossa, que confusão, acho melhor dar um banho. Volto para deixá-la no berço enquanto corro para o banheiro para esquentar a água. Chamo a babá, é mesmo, tenho babá. Nete, ajuda aqui, tempera a água por favor? Ela vai temperando e volto para o quarto. Vou tirando aquela cocozada toda enquanto ela esperneia. Calma, calma filhinha, já vai. Procuro uma chupeta na gaveta. Onde tá a chupeta hein? Ai, caiu uma aqui, preciso que lave. Nete. Neteeeee?
Ah, a água tá pronta? Tá bom, vou levá-la, mas tá frio pra sair pelada do quarto, me arruma um cobertorzinho? Vamos. Entro no banheiro e, quando fecho a porta, escuto as batidas: toc, toc.
Que foi Sofia? Eu grito, entrando a Olivia na água. “Mamãe, me achou!”ela diz, entrando no banheiro sorridente.
Com a minha outra filha nos braços, lembro-me do esconde-esconde, e, em um instante, imagino a pequena Sofia escondida, esperando que eu a buscasse sem sucesso. Esperou muito, até. Eu não apareci e ela, ao invés de chorar, berrar, chamar, inventou de ir atrás de mim. Com seu sorriso faceiro, inventou que eu a achei. “Me achou mamãe!” ela repete, pulando sobre o piso frio do banheiro enquanto meu coração se parte em mil pedacinhos.
Nete? Neteeeeee? Pega a Olivia aqui, por favor? A Nete pega, pelejando para dar o primeiro banho de sua vida em um bebê, enquanto eu abraço a mais velha que, em um misto de alegria e tristeza, com um sorrisinho sem graça, pergunta: “Pode brincar junto mamãe?” Proponho imediatamente um novo esconde-esconde. Quando saímos do banheiro, espio de relance a babá, tentando ensaboar a neném. “Não lava a cabeça dela” grito, já no corredor, com um pontinha de angústia...
É a minha vez filha, anuncio.
www.embuchada.blogspot.com
Ela corre pelo corredor, toda alegre, e entra no meu quarto. Quando decido ir procurá-la, escuto o choro da caçula, minha bebezinha que grita no berço. Vou ver o que é. Xii, coco. Nossa, quanto coco Olivia, vazou tudo, eu penso, levantando-a. Ela grita mais. O lençol está sujo, a roupinha molhada, até o travesseiro? Olivia, que coisa, como você é ninja, vou sussurando enquanto levo-a para o trocador. Ai, tá sem algodão. Caminho para o armário, acho um pacote, é o último, preciso anotar para comprar mais. Deito a minha bichinha sobre a cômoda, tiro a fralda, nossa, que confusão, acho melhor dar um banho. Volto para deixá-la no berço enquanto corro para o banheiro para esquentar a água. Chamo a babá, é mesmo, tenho babá. Nete, ajuda aqui, tempera a água por favor? Ela vai temperando e volto para o quarto. Vou tirando aquela cocozada toda enquanto ela esperneia. Calma, calma filhinha, já vai. Procuro uma chupeta na gaveta. Onde tá a chupeta hein? Ai, caiu uma aqui, preciso que lave. Nete. Neteeeee?
Ah, a água tá pronta? Tá bom, vou levá-la, mas tá frio pra sair pelada do quarto, me arruma um cobertorzinho? Vamos. Entro no banheiro e, quando fecho a porta, escuto as batidas: toc, toc.
Que foi Sofia? Eu grito, entrando a Olivia na água. “Mamãe, me achou!”ela diz, entrando no banheiro sorridente.
Com a minha outra filha nos braços, lembro-me do esconde-esconde, e, em um instante, imagino a pequena Sofia escondida, esperando que eu a buscasse sem sucesso. Esperou muito, até. Eu não apareci e ela, ao invés de chorar, berrar, chamar, inventou de ir atrás de mim. Com seu sorriso faceiro, inventou que eu a achei. “Me achou mamãe!” ela repete, pulando sobre o piso frio do banheiro enquanto meu coração se parte em mil pedacinhos.
Nete? Neteeeeee? Pega a Olivia aqui, por favor? A Nete pega, pelejando para dar o primeiro banho de sua vida em um bebê, enquanto eu abraço a mais velha que, em um misto de alegria e tristeza, com um sorrisinho sem graça, pergunta: “Pode brincar junto mamãe?” Proponho imediatamente um novo esconde-esconde. Quando saímos do banheiro, espio de relance a babá, tentando ensaboar a neném. “Não lava a cabeça dela” grito, já no corredor, com um pontinha de angústia...
É a minha vez filha, anuncio.
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Comentários
muito bom.
abnerlmesmo.blogspot.com
Beijos!