HUMOR >> Carla Dias >>

Minhas irmãs são muito criativas no bate-papo. Quando me encontro com elas, normalmente uma a cada vez, pois não moramos próximas, as conversas acabam sempre descambando para o imaginário. E tudo regado a muito café. O mesmo acontece com algumas primas e tias. Chego a pensar que, essa família enorme e repleta de mulheres é regida pelo humor dos que aprenderam a superar obstáculos, pois haja obstáculos... E humor.

Não dizem que sorrir faz bem para a alma?

Independente do conteúdo do sorriso?

O meu humor não é dos mais leves, mas há dias em que consigo arrancar gargalhadas dos meus sobrinhos simplesmente pegando um acontecimento adulto e chato e o enxergando com olhar infante. Tombos cruciais na idade adulta se transformam em um escorregão ao pisar na casca de banana que o fulaninho jogou no chão. E a descrição visual desse balé-escorregão é sempre motivo para os pequenos rolarem de rir.

Fácil, não?

Mas quando no cenário adulto, esse lugarzinho ao qual pertenço, a coisa é bem diferente. O meu humor não consegue ser simples, sutil, gracioso, simplesmente porque me atraem os requintes da ironia e do sarcasmo. Para mim, o humor negro, quando bem aplicado, é fascinante.

Pensando em cinema, Morte no funeral (Death at a funeral/2007) é um dos filmes que mais me agrada. Falo sobre a versão original, a do diretor Frank Oz, com o talentosíssimo – e lindo de doer o coração da gente - Matthew Macfadyen (Orgulho e Preconceito/Enigma). O filme mostra uma série de inconvenientes e revelações durante o funeral do patriarca de uma família inglesa de classe média alta. É interessante, bem escrito, com atuações determinantes e com uma direção que não deixa o humor negro se transformar somente em um relato sobre uma série de infortúnios.



A produção de Morte no funeral foi uma parceria entre a Alemanha, os Estados Unidos e a Inglaterra. Em 2010, foi lançada a versão com produção exclusivamente americana, com as participações de Chris Rock e Martin Lawrence. Em minha opinião, foi um remake desnecessário e uma versão inferior ao original.

É fato que os ingleses são considerados os magos do humor negro. Porém, há duas produções francesas que estão na minha lista de comédias preferidas. O jantar dos malas (Le Diner de Cons/1998) é um filme sobre Pierre e seus amigos, que se reúnem uma vez por semana para um jantar peculiar. Cada um deles deve encontrar a pessoa que jamais convidaria e convidá-la para o jantar, garantindo a diversão do evento e a disputa de quem conseguiu o “mala sem alça” mais mala de todos. Porém, uma virada na vida de Pierre faz com que ele dependa das boas intenções do seu mala convidado, o que apenas complica a sua vida.



Ainda não assisti, mas O jantar dos malas ganhou uma versão americana, com Stevie Carell e Paul Rudd, dois excelentes atores. Um jantar para idiotas (Dinner for Schmucks) foi lançado em 2010.

Para finalizar a tríade das comédias de humor negro que mais me agradam, tenho de citar a fantástica Delicatessen (1991). Contando com Jean-Pierre Jeunet (Ladrão de sonhos/O fabuloso destino de Amélie Poulain) como codiretor e um dos roteiristas, este filme conta a história de um homem que se muda para um prédio em cima de um açougue e se apaixona pela filha do dono do estabelecimento. O que ele desconhece são os planos que a família da moça tem para ele. Não posso contar o bom do filme, senão estragaria a surpresa. Mas quem gostar de um bom filme de humor negro, pode conferir este.





Comentários

Zoraya disse…
Carla, adoro um humor nigérrimo, e concordo plenamente, ninguém o faz melhor que os ingleses. Vi a versao inglesa de Morte no Funeral e rolei de rir. Obrigada pelo assunto, legal mesmo.
Carla Dias disse…
Pois é, Zoraya, acredito que o humor inglês é negro no geral... rs. Eles são bons nisso.
Há um filme americano que, para mim, é um dos melhores. É o "Matador em conflito", com o sempre bacana John Cusack. Se você não assistiu, confira. Beijo!
albir disse…
Carla,
também gosto muito de humor negro. Acho que esse clube é maior do que eu pensava. Como sempre, vou acompanhar suas indicações. Beijos!
Carla Dias disse…
Albir... Também acho que esse clube é bem maior. Depois me conta o que achou dos filmes. Beijo!

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