VIDA FEITA DE CASAS >> Eduardo Loureiro Jr.

Essa semana, deixei mais uma casa para trás. Foi a décima terceira em 39 anos de vida, uma casa a cada três anos, e descobri que uma vida pode ser contada por meio das casas em que se mora. Minha primeira casa, em Fortaleza, tinha um pátio interno e um piso quadriculado, feito um tabuleiro. Talvez tenha sido a melhor das minhas casas, embora toda a memória que eu tenha dela venha de algumas fotos tiradas logo após o meu nascimento e no meu primeiro aniversário. Eu morava com minha mãe e meus tios e tias; meu pai estava concluindo a faculdade na Paraíba. Quando minha primeira irmã nasceu, pouco menos de dois anos depois de mim, nós já morávamos em outra casa. Dela só há duas ou três fotos. E parece uma casa pequena. Deve ter sido uma época de limitação para mim: menos espaço e uma pessoa a mais para dividir a atenção de meus pais. A principal imagem que tenho dessa casa é um tanto irreal, e não é da casa em si. Lembro de passear, nos braços de meu pai, ao redor de um quartel que hav