Minutos antes do primeiro passo >> Leonardo Marona
Sento-me de mãos vazias. Passo uma na outra. Continuam vazias. Olho para elas. Pasmo, passo uma na outra. Nada acontece. Aparentemente nada. Mas o que ainda podemos ver nas aparências? Levanto, sento, vou até a janela em passo acelerado, esperando ser de algum modo surpreendido. Faz um barulho surdo lá fora, constante, por dentro da terra. Sobre a terra nenhum carro, dilúvio, onça pintada. Volto a sentar-me. Essa frase ficaria bem melhor em Tchekhov. De qualquer maneira, ali estou, um rapazinho de estrutura média para baixa, ascendência talvez siciliana, na língua das ruas conhecido como atarracado, muitas idéias sobre questão nenhuma, mas existe ternura, existe o apoio na terceira haste, existe a pérola submersa revestida em lodo. Há que se perder a respiração em apnéia. A que se nadar bem ao fundo até perder a consciência. Até afundar placidamente, deslizar como deus na superfície intacta, deslizar como Carlos. Formigas voadoras de repente invadem o quarto. Existe harmonia e destruiç