FUNCIONÁRIO DO MÊS >> Albir José Inácio da Silva
A demissão surpreendeu Marcondes. Três vezes funcionário do mês, ele se considerava um assessor para tudo e amigo do patrão. Com ele não tinha tempo ruim, nem dia santo. Era dedicado a ponto de avalizar para a madame as noitadas do Seu Filinto como viagem de trabalho. Para os colegas era um puxa-saco e evitavam sua presença. Só Seu Armando – um veterano bom de trabalho, mas sindicalista cheio das reivindicações – conversava com Marcondes e o levou para uma reunião no sindicato. Marcondes entendeu quase nada dos discursos e discordou do que entendeu: acreditava em meritocracia e que cada um tinha o seu lugar no mundo. Patrão era patrão e empregado, empregado. Este não devia cobiçar o lugar daquele. Não tinha a menor ideia do que seja mais-valia, mas injustiça ele conhecia bem: horas extras não pagas e tapinha nas costas no lugar de reajuste. Assim resolveu acompanhar aquela comissão que lotou o corredor no andar da diretoria. Ninguém foi recebido, mas todos foram dem