Eu devia ter uns doze anos quando resolvi que ia gostar de futebol. Armada de uma camisa do Corinthians, uma dezena de opiniões fraquíssimas sobre o assunto, e uma dose de rebeldia, cheguei ao Pacaembu para um clássico daqueles. Era uma tarde quente de verão e, ao meu lado, torcia o São Paulino fanático, inimigo da partida, rival dos grandes, sentávamos lado a lado. Ele xingava, eu também, meu pai também, meu irmão mais ainda, os amigos dele idem. Era uma barbárie aquilo, mas, uma bárbarie em paz; quem diria? Depois de uma curtíssima temporada no assunto, guardo lembranças divertidas dessa época, e chego a duvidar que era assim. Perguntei outro dia para um amigo, entendedor do assunto: Posso jurar que vivi numa época em que não havia separação de torcida, nos estádios. Sonhei? Cherei ácido, ou o quê? - Envelheceu, respondeu meu colega, cheio de nostalgia - Até por achar que ácido se cheira, você realmente está fora da casinha - Completou. Ah tá. De fato. Houve um tempo em que as torci
sua dose diária de conversa fiada