SANTO REMÉDIO >> Fernanda Pinho
O tempo é o melhor remédio. Eis uma verdade incômoda de se
ouvir, por motivos óbvios. Quando alguém nos vem com essa, geralmente é quando
estamos aflitos por uma solução imediata. O que acontece é que, a depender da
gravidade do caso, o tratamento é longo e o tempo precisa ser prescrito
juntamente com um outro santo remedinho: a paciência. Em casos extremos, como
superar a dor de uma morte qualquer (de uma pessoa, de um relacionamento, de um
sonho), não tem outro jeito, só se chega à cura ingerindo alta dosagem de tempo
e paciência. E a falta dela é o caminho
mais curto para os mais danosos efeitos colaterais.
Como todo remédio, o tempo precisa ser bem administrado.
Afinal, estamos falando de um medicamento recomendado para tratamentos que vão
desde problemas crônicos à pequenas irritações cotidianas. Como ainda não
inventaram uma categoria na medicina para tratar disso, cabe a nós mesmos saber
diferenciar um do outro. E, claro, aplicar a dose certa.
Um exemplo prático, testado em uma cobaia humana. Eu, no
caso. Se uma pessoa me deixa chateada/nervosa/brava é muito importante que me
seja aplicada uma certa dose de tempo, ainda que eu insista que não preciso. É
importante também que a pessoa que me dará esse tempo seja a mesma que me
irritou, tal como a própria cobra fornece o soro antiofídico. Mas atenção! Para
este caso, é necessário apenas uma pilulazinha de umas duas horinhas e nada
mais que isso. Se der um pouquinho mais de tempo, o revertério é inevitável e a
irritação volta ainda maior que a inicial. Alta dosagem de tempo para esse
caso, nem pensar. Overdose é risco de morte. Morte da relação, seja ela qual
for.
Como cada organismo é único e especial, fica a cargo de cada
indivíduo descobrir a quantidade de tempo necessária para seus males. Na dose
certa, não há tristeza, arrependimento, irritação, saudades, dor-de-cotovelo,
raiva, mágoa e estresse que resista. É batata, menina!
|A PERSISTIREM OS SINTOMAS, CHRONOS DEVERÁ SER
CONSULTADO|
Comentários