RECONSTRUINDO PAPÉIS [Maria Rita Lemos]
Na semana de Março em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, peguei-me refletindo sobre a reconstrução que temos feito dos papéis ligados aos homens e às mulheres e ao que socialmente se espera do gênero masculino e feminino.
Será que, nesse século vinte e um, os meninos já podem chorar, os homens devem continuar com a permissão para serem agressivos? A verdade é que a nova geração masculina está um tanto quanto perdida entre o que deve e não deve ser e fazer.
Aos poucos, com a substituição da força física pelas máquinas, e depois pela tecnologia, os homens foram modificando seus papéis sociais, enquanto as mulheres já não mais se conformavam em apenas “pilotar fogões”. Elas passaram a sair às ruas, universidades e empresas, buscando realização pessoal e profissional. Enquanto elas se tornavam mais liberadas sexual e intelectualmente, seus companheiros começavam a duvidar sobre o que deveriam fazer, quais seriam seus papéis.
É compreensível, porque é muito difícil repensar aquilo que foi transmitido por tantas gerações de pais e avôs, em relação ao que competia ao feminino e masculino. Até hoje, ouvem-se pais que dizem aos filhos que “homem não chora”, enquanto as mães acolhem esse choro legítimo de quem está sofrendo de dor por uma injeção ou uma desilusão, pois que choro de dor não escolhe sexo.
Quanto à “lei da porrada”, a história se repete. Alguns pais incitam seus filhos machos a não levar desaforo para casa, enquanto mães, em geral, aconselham o diálogo e a busca de soluções mais inteligentes que os punhos cerrados.
Uma vez que tudo isso está dentro do contexto de uma sociedade em transição, o processo educacional também oscila. Educadores e escolas públicas ou particulares às vezes igualam meninos e meninas nos deveres, outras vezes incitam os machos a serem duros e valentes. Quanto às meninas, não sabem, também, se devem tomar iniciativas, ousar, ou continuar como gatinhas manhosas...
Com o passar dos anos, as dúvidas se multiplicam, gerando crises de identidade e papéis que atingem igualmente homens e mulheres. Tanto em resposta ao que escrevo, quanto em meu consultório, acolho, com freqüência, o conflito de garotas divididas entre o desejo de telefonar para aquele gato imperdível que conheceram na festa, e o temor do que ele possa pensar delas! E abro aqui um parênteses: esse dilema não acontece somente entre adolescentes, mas entre mulheres maduras também!
Em toda essa transição, é preciso que a sociedade, especialmente o novo homem que vem surgindo, se conscientize que expressar sentimentos não significa perder a masculinidade. Muito pelo contrário. Casais jovens, atualmente, já não se envergonham em dividir as tarefas domésticas, uma vez que também dividem as contas e o trabalho profissional fora de casa. Muitos homens jovens já não se sentem mal , como acontecia com seus pais e avôs, quando estão fazendo a faxina semanal na casa, ou lavando roupas.
Pais modernos, também, já não ficam desconfortáveis em trocar fraldas, fazer mamadeiras ou levar suas crianças à natação ou ao pediatra, tarefas até então quase que exclusivamente delegadas à mãe.
Para um homem, o encontro com seu lado feminino, a permissão para chorar e sentir, mais do que humanizar, tem o dom de liberá-lo para que assuma sua masculinidade com muito mais leveza, compromissado apenas com o que quer e sente. Da mesma forma que a mulher jamais perdeu sua feminilidade apenas por assumir novos valores e compromissos sociais, além de seu papel de mulher e mãe.
Talvez todas essas transformações sociais demorem um pouco a mostrar seus efeitos. Talvez, ainda, o homem, mais que a mulher, sinta-se perdido entre o que seu avô e seu pai faziam, e as solicitações que hoje o impelem a repensar tarefas e papéis. Apesar de tudo, estou convicta de que esta é uma mudança positiva, na medida em que homens e mulheres, nesse novo contexto, trocam os antigos padrões de dominante e dominada, senhor e “patroa”, por mais cumplicidade e parceria, dividindo as alegrias e encargos de relacionamentos que sejam mais justos e prazerosos.
Será que, nesse século vinte e um, os meninos já podem chorar, os homens devem continuar com a permissão para serem agressivos? A verdade é que a nova geração masculina está um tanto quanto perdida entre o que deve e não deve ser e fazer.
Aos poucos, com a substituição da força física pelas máquinas, e depois pela tecnologia, os homens foram modificando seus papéis sociais, enquanto as mulheres já não mais se conformavam em apenas “pilotar fogões”. Elas passaram a sair às ruas, universidades e empresas, buscando realização pessoal e profissional. Enquanto elas se tornavam mais liberadas sexual e intelectualmente, seus companheiros começavam a duvidar sobre o que deveriam fazer, quais seriam seus papéis.
É compreensível, porque é muito difícil repensar aquilo que foi transmitido por tantas gerações de pais e avôs, em relação ao que competia ao feminino e masculino. Até hoje, ouvem-se pais que dizem aos filhos que “homem não chora”, enquanto as mães acolhem esse choro legítimo de quem está sofrendo de dor por uma injeção ou uma desilusão, pois que choro de dor não escolhe sexo.
Quanto à “lei da porrada”, a história se repete. Alguns pais incitam seus filhos machos a não levar desaforo para casa, enquanto mães, em geral, aconselham o diálogo e a busca de soluções mais inteligentes que os punhos cerrados.
Uma vez que tudo isso está dentro do contexto de uma sociedade em transição, o processo educacional também oscila. Educadores e escolas públicas ou particulares às vezes igualam meninos e meninas nos deveres, outras vezes incitam os machos a serem duros e valentes. Quanto às meninas, não sabem, também, se devem tomar iniciativas, ousar, ou continuar como gatinhas manhosas...
Com o passar dos anos, as dúvidas se multiplicam, gerando crises de identidade e papéis que atingem igualmente homens e mulheres. Tanto em resposta ao que escrevo, quanto em meu consultório, acolho, com freqüência, o conflito de garotas divididas entre o desejo de telefonar para aquele gato imperdível que conheceram na festa, e o temor do que ele possa pensar delas! E abro aqui um parênteses: esse dilema não acontece somente entre adolescentes, mas entre mulheres maduras também!
Em toda essa transição, é preciso que a sociedade, especialmente o novo homem que vem surgindo, se conscientize que expressar sentimentos não significa perder a masculinidade. Muito pelo contrário. Casais jovens, atualmente, já não se envergonham em dividir as tarefas domésticas, uma vez que também dividem as contas e o trabalho profissional fora de casa. Muitos homens jovens já não se sentem mal , como acontecia com seus pais e avôs, quando estão fazendo a faxina semanal na casa, ou lavando roupas.
Pais modernos, também, já não ficam desconfortáveis em trocar fraldas, fazer mamadeiras ou levar suas crianças à natação ou ao pediatra, tarefas até então quase que exclusivamente delegadas à mãe.
Para um homem, o encontro com seu lado feminino, a permissão para chorar e sentir, mais do que humanizar, tem o dom de liberá-lo para que assuma sua masculinidade com muito mais leveza, compromissado apenas com o que quer e sente. Da mesma forma que a mulher jamais perdeu sua feminilidade apenas por assumir novos valores e compromissos sociais, além de seu papel de mulher e mãe.
Talvez todas essas transformações sociais demorem um pouco a mostrar seus efeitos. Talvez, ainda, o homem, mais que a mulher, sinta-se perdido entre o que seu avô e seu pai faziam, e as solicitações que hoje o impelem a repensar tarefas e papéis. Apesar de tudo, estou convicta de que esta é uma mudança positiva, na medida em que homens e mulheres, nesse novo contexto, trocam os antigos padrões de dominante e dominada, senhor e “patroa”, por mais cumplicidade e parceria, dividindo as alegrias e encargos de relacionamentos que sejam mais justos e prazerosos.
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