MENTE E CORAÇÃO (BRIGA DE CASAL)
>> Eduardo Loureiro Jr.
— Parabéns pelo seu dia!
— Meu dia?!
— Ora, logo você que é tão inteligente, minha Mente... De onde você pensa que vem a palavra "mentira"?
— Ih, lá vem você...
— Não se pode mais ser gentil?
— Pra que tanta mágoa, meu amor, meu Coração?
— Tá vendo? Peguei você na mentira de novo. Você não me ama e fica me chamando de seu amor.
— Só porque eu não lhe amo do seu jeito não quer dizer que eu não lhe ame.
— Você sabe muito bem que eu sou a casa do amor. Que outra forma há de amar senão a minha?
— A gente ama com o corpo todo, e com a alma.
— Ah, não me venha com enrolação. Chega de masturbação mental!
— "O amor não se enraivece", já dizia São Paulo.
— Você adora ficar decorando livros para usar frases soltas a seu favor, né?
— Você está ficando vermelho de raiva.
— Vermelho, sim, por que não? Vermelho é a minha cor. A cor das rosas. A cor da vida. A cor do amor. Melhor que esse seu cinza sem graça.
— Eu não sou só cérebro, meu Coração.
— Você sempre se achando, vivendo nesse seu mundo intelectual de pura ideia, sem pisar no chão, sem chegar junto. Só fica na sua, e me deixa só.
— Tô com o pensamento ligado em você o tempo todo, meu Coração.
— Besteira de abstração! Como é que eu vou saber se isso é verdade? União pra valer é com veia e artéria. Não me vem com papo mole.
— Nem tudo é matéria, há também energia...
— Você é irritante! Ir-ri-tan-te! Se me amasse de verdade, você faria pelo menos uma ponte de safena de você até mim.
— Faço versos, poemas, melodias, canções.
— Palavra não enche barriga nem aorta. Quero é sangue nas veias!
— Você está quase me convencendo de que é melhor nos separarmos.
— Lá vai você fugir na primeira oportunidade, "tomar um ar", como você diz. Quero ver aguentar o rojão, bater vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
— Eu não bato, meu Coração, eu inspiro.
— E eu piro, enlouqueço...
— Incendeia?
— Para com essa mania de me completar as frases. Eu não ia dizer isso.
— É porque pira tem a ver com fogo, então falei em incendiar.
— Tá vendo? Tá vendo?! Eu aqui tentando salvar nosso casamento e você com seus joguinhos cerebrais.
— Salvando? Você está mais para Nero que para bombeiro.
— Já avisei. Para com essas analogias idiotas!
— Senão o quê?
— Senão o que o quê?
— Senão você vai fazer o quê?
— Eu já estou fazendo!
— O que você está fazendo é discutir.
— Melhor que não fazer nada.
— Eu estou conversando.
— Você conversa demais. Quero ver é ação.
— Você sabe como é mentir em inglês?
— Tem horas que dá vontade de bater em você.
— To lie.
— Grande novidade! Só porque eu não fiz nem mestrado nem doutorado tá pensando que eu sou burro?
— E você lembra o outro sentido do verbo?
— Você não tem jeito, tá querendo me enrolar e me distrair de novo.
— Lembra?
— Deitar. To lie também quer dizer deitar.
— Vamos?
— Pra onde?
— Deitar.
— Ah...
— E então, meu Coração?
— Demorou!
— Meu dia?!
— Ora, logo você que é tão inteligente, minha Mente... De onde você pensa que vem a palavra "mentira"?
— Ih, lá vem você...
— Não se pode mais ser gentil?
— Pra que tanta mágoa, meu amor, meu Coração?
— Tá vendo? Peguei você na mentira de novo. Você não me ama e fica me chamando de seu amor.
— Só porque eu não lhe amo do seu jeito não quer dizer que eu não lhe ame.
— Você sabe muito bem que eu sou a casa do amor. Que outra forma há de amar senão a minha?
— A gente ama com o corpo todo, e com a alma.
— Ah, não me venha com enrolação. Chega de masturbação mental!
— "O amor não se enraivece", já dizia São Paulo.
— Você adora ficar decorando livros para usar frases soltas a seu favor, né?
— Você está ficando vermelho de raiva.
— Vermelho, sim, por que não? Vermelho é a minha cor. A cor das rosas. A cor da vida. A cor do amor. Melhor que esse seu cinza sem graça.
— Eu não sou só cérebro, meu Coração.
— Você sempre se achando, vivendo nesse seu mundo intelectual de pura ideia, sem pisar no chão, sem chegar junto. Só fica na sua, e me deixa só.
— Tô com o pensamento ligado em você o tempo todo, meu Coração.
— Besteira de abstração! Como é que eu vou saber se isso é verdade? União pra valer é com veia e artéria. Não me vem com papo mole.
— Nem tudo é matéria, há também energia...
— Você é irritante! Ir-ri-tan-te! Se me amasse de verdade, você faria pelo menos uma ponte de safena de você até mim.
— Faço versos, poemas, melodias, canções.
— Palavra não enche barriga nem aorta. Quero é sangue nas veias!
— Você está quase me convencendo de que é melhor nos separarmos.
— Lá vai você fugir na primeira oportunidade, "tomar um ar", como você diz. Quero ver aguentar o rojão, bater vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
— Eu não bato, meu Coração, eu inspiro.
— E eu piro, enlouqueço...
— Incendeia?
— Para com essa mania de me completar as frases. Eu não ia dizer isso.
— É porque pira tem a ver com fogo, então falei em incendiar.
— Tá vendo? Tá vendo?! Eu aqui tentando salvar nosso casamento e você com seus joguinhos cerebrais.
— Salvando? Você está mais para Nero que para bombeiro.
— Já avisei. Para com essas analogias idiotas!
— Senão o quê?
— Senão o que o quê?
— Senão você vai fazer o quê?
— Eu já estou fazendo!
— O que você está fazendo é discutir.
— Melhor que não fazer nada.
— Eu estou conversando.
— Você conversa demais. Quero ver é ação.
— Você sabe como é mentir em inglês?
— Tem horas que dá vontade de bater em você.
— To lie.
— Grande novidade! Só porque eu não fiz nem mestrado nem doutorado tá pensando que eu sou burro?
— E você lembra o outro sentido do verbo?
— Você não tem jeito, tá querendo me enrolar e me distrair de novo.
— Lembra?
— Deitar. To lie também quer dizer deitar.
— Vamos?
— Pra onde?
— Deitar.
— Ah...
— E então, meu Coração?
— Demorou!
Comentários
Interessante a perspectiva que vc coloca do mentir/deitar... Ontem, a propósito do dia da mentira, Xico Sá escreveu em sua crônica:
"Você já mentiu para o seu amor hoje?
Mentir profissionalmente não tem graça. Ainda mais se você for publicitário, marqueteiro, jornalista, político, advogado, padre, cineasta, ator, pastor, policial…
Mentir profissionalmente é meio de vida. Só há mentira no amor ou no quase-amor, enfim, nos relacionamentos.
E das mentiras desse gênero, a minha preferida é a do orgasmo fingido.
Porque o fingimento do gozo também pode ser uma prova de amor, como o amor avulso das profissas.
Antes o fingimento, amigo, do que a ausência da dramaturgia amorosa de fato."
Acho que entre amores e mentiras, você e ele se conectaram com o possível dos relacionamentos....