CANÇÃO 7 DE 7 | SOMETHING >> Carla Dias >>
Sempre é algo... ou alguém... ou algo que alguém desperta no outro. É o que o alguém faz com esse algo. Como se lida com esse algo, quando o alguém não quer lidar com outro alguém.
É como o alguém faz o algo acontecer.
O algo que se enxerga no outro, mesmo quando esse alguém é assustadoramente hábil em transformar algo em coisa nenhuma.
Nunca soube lidar muito bem com isso de coisa nenhuma, mas entende que há quem goste... não... que há quem não saiba fazer diferente. Que teme que o algo o tire dos eixos, sacuda mesmo, jogue ao universo e que o universo aponte para a imensidão que é o possível.
O possível é a porta escancarada para a arquitetura do sentido... de se fazer sentido no mundo. Não há nada mais acessível a uma escolha do que o possível. Acontece de ele ser tão amargo, até meio isso, mais um tanto daquilo, variações e subtítulos.
Entrelinhas.
Então, chega o algo agridoce para temperar lamento com uma dose imprópria de esperança.
Demorou-se no entendimento com o universo. Espantou-se com o reconhecimento do algo ao qual foi lançado. Houve dias em que não lavou louça, limpou casa ou foi trabalhar. Não tomou banho, mandou mensagens ou leu as recebidas.
Existiu feito o ninguém de algo agudamente oco.
Porque sempre tem a ver com algo... com alguém a fazer de conta que não sabe que ele está lá, o algo e o alguém. E com o que o algo traz de bom, de profundo, de dolente, porque o algo nunca está sozinho. Ampara-se em presenças e ausências e existências.
O algo não tem fim. Troca de pele, mas não acaba.
O algo vira tempo, calendário, recordações... e canções.
Comentários
Adorei a série.
Espero que a sétima não seja a últim e que sua poesia crônica se una a outras músicas.
Obrigada por acompanhar minhas canções de cabeceira.