CÓPIA >> Paulo Meireles Barguil
Motivo de tristeza e decepção docentes é corrigir um documento cuja autoria não é a designada.
Bem sei que o conhecimento é constituído pela pessoa a partir das informações que recebe de diversas fontes, as quais precisam ser adequadamente indicadas.
A cópia nos produtos discentes sempre aconteceu, sendo mais difícil identificá-la quando manuscrita.
Não sou ingênuo: sei que, infelizmente, até professores optam pela reprodução em diferentes contextos!
Com o advento dos equipamentos digitais, houve um incremento quantitativo e qualitativo dessa fraude educacional.
Há estudantes que optam pela simples e eficiente combinação CRTL C + CTRL V.
A partir da matriz, que pode ser obtida de modo consensual ou criminoso, há quem modifique o cabeçalho ou apenas o nome.
Quem tem mais tempo, altera o tipo, o tamanho ou a cor da fonte.
Em outras situações, acontece a substituição de algumas palavras ou a inversão delas.
São singelos efeitos visuais, pois não adulteram o similar conteúdo, o qual precisa ser lido pelo(a) mestre ou por algum programa anti plágio.
Já ouvir falar de indivíduos que não corrigem os trabalhos recebidos e atribuem nota de acordo com o seguinte critério: a simpatia por quem os elaborou.
Conheço profissionais que, generosamente, distribuem indistintamente a nota máxima.
Em virtude da minha configuração genética e das interações estabelecidas ao longo da vida, eu avalio atentamente as atividades entregues por aqueles que tenho a responsabilidade de educar.
Vez ou outra, encontro algo que me faz suspirar profundamente enquanto sou visitado por vários pensamentos, seja sobre o zelo do(a) infringente no desempenho das suas atribuições laborais, seja sobre a sua ingenuidade, enquanto educando(a), em acreditar que eu não constataria a sua imitação, principalmente quando essa é tosca.
Nada mais doloroso para mim quando a falsificação é oriunda de um(a) colega de ofício, inclusive com mais idade do que eu.
Então, algo estranho acontece: a vergonha alheia ameaça se apossar de mim.
Eu, por prudência, evito o contato visual e saio correndo.
Ela que fique com sua companhia.
Já bastam meus entulhos de estimação!
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