PRONOMES >> Sandra Modesto
Ela chegou sem calcinha, disposta a conquistar desejos insanos, era nua a decisão, foi direto ao ponto. Mostrando dedos molhados, lábios de cima a baixo.
Ele? Chegou meio sem jeito, com um nó no peito.
A despeito de encontrá-la tão diferente, pensou em desistir de tudo, mas...
Tudo era absurdo ao lado de alguém, e o alguém estava ali.
Ela se fez toda ela. Disse de tudo, do mais profano ao profundo, do mais modesto ao insolente.
Meio sonso ele colocou-a no colo, beijou-a por todos os lados, quis por inteiro, o que sempre o deixou exausto de prazer. Fez dela o desejo guardado.
Murmúrios, gritos, gozos. O amanhecer gemeu.
Um olhou para o outro e fizeram mais. Suaram mais.
Bobagens ao pé do ouvido, lambidas atrás da orelha, enfiadas, aberturas, cenas filmadas que dariam um filme pornô.
Nada mais interessava. A vida descruzada com o tempo? O amor refeito após tantos anos? Tantos fatos?
Ele abriu o espumante, ela encarou a taça.
Naquele momento, ele se lembrou - Ela gostava de cerveja. Com espuma.
Travesseiros se espalharam em meio a tantos quereres.
Água salgada escorrendo na pele.
Agora… Sem promessas eternas.
Ela e ele não tinham nomes. Eram apenas fragmentos de amor.
Amor em mim.
(Texto escrito em 2016. Em 2017 venceu o concurso - Ituiutaba Inter ação, categoria crônica. Está publicado no meu segundo livro: Tudo em mim é prosa e rima, editora Autografia, 2019. Eu fiz uma reedição para o Crônica do Dia)
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