UM DUQUE >> Sergio Geia
Está deitado no sofá. Da janela aberta, ele traga uma brisa de hortelã.
Avista um prédio, desses espigões. Mas atrás dele, é o que importa, há um céu azul recém-pintado, como diria Caio. E emoldurado por esse azul, uma beleza de nuvem, fofa, bem branca, passando devagar. É como se houvesse uma sobreposição de nuvens, deixando-a mais branca que pombas de alfenim.
Ele fica a olhar a nuvem passageira, com desenho esquisito, fantasiando.
Talvez deixe o dinheiro todo aplicado, dizem que os juros são uma beleza. Ou quem sabe compre imóveis. Ajudar a família, amigos será mais que obrigação; na verdade, resolver a vida deles. Talvez viaje. A vontade mesmo é de sumir, desaparecer do mapa, pois com essa grana toda na mão, serão muitas as soluções, mas também enormes os problemas.
Levanta do sofá e resolve conferir os bilhetes.
No máximo um duque.
Espalha novamente a leseira pelo sofá.
Um alívio besta dura alguns segundos, ladeando uma tristeza vaga.
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