SAUDADES DE PINDA >> Maurício Cintrão

Tenho saudades de Pindamonhangaba. Mudamos para São José dos Campos há pouco mais de dois anos e ainda lembro com muito carinho da vista exuberante da Serra da Mantiqueira. A cidade é agradavelmente plana, as montanhas parecem ainda maiores lá longe e as pessoas são calmas, gentis e hospitaleiras.


Mudei da cidade quando começava a me entrosar. Já sabia onde comer, onde comprar, onde encontrar as coisas. Já conhecia pessoas, locais e manias. Enfim, eu e a Viviane já nos sentíamos do lugar. Aliás, foi ela quem descobriu Pinda para mim. Eu já morava na cidade há um bom tempo quando ela entrou em minha vida. Ato contínuo, passou a freqüentar a minha casa e a região. Acontece que eu sou lerdo e ela é mais esperta. Ela se espalha mais rápido do que eu. E acabou se aclimatando rapidinho.

Não que eu não gostasse de Pinda. A cidade me encantou desde o primeiro momento. E ninguém fez esforço especial para isso. Foi um amor que aconteceu. Eu vinha contrariado para o Interior. Fora transferido para o escritório em Roseira e não gostava da idéia de ficar no Vale. Coisa do bobo. E os pindamonhangabenses me mostraram isso com muita delicadeza.

Eu morava em um conjuntinho de prédios de apartamentos localizado na Albuquerque Lins. Havia o inconveniente das garagens apertadas, do cheiro horroroso que vinha de vez em quando da fábrica de celulose e do barulho às vezes insuportável da loja de instalação de som automotivo ali perto. Mas era gostoso morar lá.

Entretanto, eu praticamente só dormia na cidade. Saía cedo para trabalhar e só voltava à noite. Fiquei nessa relação-dormitório por um ano, eu acho. Depois disso, a Viviane passou a me visitar, o que me obrigou a sair mais de casa. Foi quando comecei a descobrir o lugar.

Hoje posso dizer sem nenhuma dúvida que Pindamonhangaba é uma das cidades mais legais para morar no Vale do Paraíba. Tem montanha para escalar, cachoeiras para refrescar e rios para nadar. A cinco minutos do centro há diversos sítios disponíveis para aluguel de fim de semana e temporada. Se o sujeito tiver aptidão para a vida no campo, pode muito bem morar na roça com conforto e qualidade de vida.

O centro comercial de Pinda é outra vantagem. É plano e compacto, o que facilita em muito as compras. E a infra-estrutura é de alta qualidade, com hospitais de primeira, bons supermercados e transporte público que atende bem aos passageiros.

Além disso, a rede de locais para comer é variada e muito boa. Da truta no Ribeirão Grande à picanha na pedra do Centro, tem de tudo um pouco. Da comida caipira com doces caseiros ao cardápio nacional variado. Isso e mais os caldinhos no frio e o açaí na tigela em noites quentes.

Em função das qualidades agrícolas da cidade, que produz arroz e feijão em abundância, por exemplo, e tem sua própria torrefadora de café, além de uma produção fazendeira que vai da cachaça às castanhas portuguesas. Pinda também tem um dos bijus mais saborosos do Interior paulista.

Some-se a isso a proximidade da montanhosa cidade de Campos do Jordão (45 minutos), a distância não muito grande das praias de Ubatuba (60 minutos, via Oswaldo Cruz), e a excelente vizinhança de Taubaté, Santo Antônio do Pinhal, Roseira, Aparecida e Guaratinguetá.



Bom, mas o fato é que hoje moro em São José dos Campos e não adianta ficar nessa valsa da saudade. O negócio é dar uma esticadinha até lá de vez em quando para rever os amigos e os locais que aprendemos a amar. E sonhar com a possibilidade de, quem sabe, voltar um dia para ficar.

Comentários

Valeu, Maurício! É preciso ter um coração grande para amar uma cidade. :)

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