EU TE DOU... VOCÊ ME DÁ? >> Carla Dias >>

Por isso os pedidos por retorno me endoidecem. O toma lá, dá cá pode ser bacana, mas perde o charme e se torna irritante quando se transforma em exigência. Antes, esse escancaramento era apenas profissional, para quando fosse necessário lutar para conquistar o resultado almejado. Enfim, a boa e velha barganha... Ou seria diplomacia? Não sei, porque, neste aspecto, as coisas se confundem.
Hoje em dia, não há a espera pelo retorno de uma doação. Há, sim, a exigência disfarçada, como quando alguém diz que colocou seu nome em um artigo publicado em um blog qualquer, então você “tem” de retribuir incluindo o link em tudo quanto é rede social da qual faça parte, clicando em “curtir”, endossando algo que você só conhece porque colocaram seu nome lá. Não foi sua a escolha de apreciar esse espaço. Não foi o seu desejo a parar nas prateleiras virtuais.
Quando se tem um interesse em comum, até existe uma conexão, uma necessidade de troca. Mas quando usam o que você já construiu para se construir, quando o “dá cá” é inexistente, bom, não seria um opcional? Aliás, endossar algo tem de ser completamente opcional, seja lá por qual motivo.
Com a disseminação dos ícones, veio também a sensação de que, se você é incluso em algo, deve clicar e participar, senão se transformará num belo de um ingrato.
Sabe qual é a delícia do toma lá, dá cá? A surpresa... Sabe quando você faz um pequeno gesto e a pessoa lhe devolve um grande sorriso? Quando você dedica a sua vida a uma realização, e alguém se sente tocado pela sua ideia e o ajuda a realizá-la? Quando a história da sua vida vale um editorial escrito com respeito, com verdadeira admiração pelo que você construiu e quem se tornou? Quando você beija a bochecha rosada de um bebê e ele gargalha baixinho? Quando você ajuda alguém que realmente precisa, e ele volta, muito tempo depois, apenas para dizer “estou bem”?
Não clico em ícones porque sim. Não curto o que não me toca. Não devolvo o que jamais recebi. Há alguns anos, dizia a mesma coisa, mas usava aquele termo, sabe? Jogar confetes... Não jogo confetes por jogar. Quando o faço, é porque a outra pessoa merece a festa, a celebração.
Eu te dou o direito de escolha... Você me dá?
carladias.com
Comentários
Adoreiiiiiiiii!!!!!!!!!!!
Bjs
Bjs
Eduardo... Isso mesmo... A coletividade do incômodo.
Marisa... Obrigada pela gentileza. E combinado! Semana que vem eu lhes dou outro texto. Beijos!
mais um texto imprescindível, que me devolve generosamente até o que não enviei. Parabéns de novo!