DE ONTEM PARA HOJE >> Carla Dias >>
Olhando para trás, mas com um olhar fresco de adulta assumida – mas nem tanto -, encontro-me com quem fui com certo zelo. Aquela pessoa lá era eu? Era sim... Passeando na Feira Hippie do Paço Municipal de Santo André, aos sábados, onde comprava brincos e pulseiras, e camisetas de bandas e cantores que adorava. Ela teve uma da Janis Joplin com uma foto famosa, mas que causou um alvoroço em casa. Onde já se viu usar camiseta com estampa de mulher vestindo apenas colares?

Também ali tive meus momentos de contemplação urbana e namoro... O Paço era point dos namorados. Não sei se ainda continua... E assisti a filmes que não passavam no cinema, numa sala pequena, no mesmo prédio do Teatro Municipal, com trinta ou quarenta cadeiras, com um telão ruinzinho, mas que nos oferecia obras fantásticas, como Delicatessen, um ótimo filme que me impactou, fez-me gostar do cinema de humor negro.
Ali também morava a biblioteca que me despertou para a leitura. Eu passava horas lá dentro, fuçando em tudo, antes de escolher três ou quatro livros para levar comigo para casa. Quando me mudei de Santo André, senti uma falta enorme da biblioteca, de ver as pessoas entrando e saindo do prédio, carregando os livros escolhidos, e de conversar com as bibliotecárias, que me indicavam livros.
No Paço Municipal de Santo André, lá no estacionamento, no projeto Rock in Rua, toquei com a minha banda, e o show foi bacana, o público fantástico. A segunda banda faltou, então tivemos de tocar duas vezes, porque nosso repertório ainda era limitado, porque tínhamos acabado de nos reunir. E preciso dizer que é mesmo uma delícia tocar rock’n roll, e nosso repertório tinha Casa das Máquinas, Made in Brazil, Rolling Stones...

Minha mãe me lembrou da camiseta: preta, com a cara do Bono Vox estampada, eu não tirava a tal do corpo. Ela se lembra claramente de quando eu tentava tocar Sunday Bloody Sunday na minha bateria dourada, lá em casa.

Comentários
Estou aqui torcendo para que você viva intensamente cada momento da menina que você foi e que, no fundo, brinca com você todos os dias, feito o menino do Milton Nascimento.
Beijos
ah, e eu tbém tive uma adolescência meio hippie, assim como você, parece que ficou lá atrás, no passado distante, mas acho que fácil fácil esse jeito de ser vem a tona viu :)
beijo!
fico aqui acompanhando seus passos musicais e torcendo para que você não se esqueça de registrá-los. Beijo.
Marisa... Vivi cada momento intensamente, e aquela menina que fui me cutucou até ontem, durante o show. Acho até que resolveu ficar por perto mais um tempinho. Beijos!
Fernanda... Aproveitei, mas tive de refazer minha lista de desejos e pedir para ter uma chance de assisti-los em uma casa de shows beeeeem pequena : )
Não se tira uma adolescente hippie de uma menina adulta... Nossas meninas ainda moram em nós, sabe? Beijos!
Albir... Tá aí um esquecimento que não chega nem perto de mim... Beijos!
Fernanda... Tive de escrever o relato! Confere lá: http://talhe.blogspot.com. E a menina parecia que estava no show no estacionamento do Paço Municipal de Santo André : )