O DIA T [Debora Bottcher]
"A tragédia começa quando os dois lados têm razão..." (William Shakespeare)
Eu não queria escrever sobre isso, mas pareceu-me inevitável: nos últimos dez dias, não se ouve falar de outra coisa. Os quatro cantos do mundo oferecem sua parcela de comentários, imagens, reportagens, entrevistas, histórias que nos lembram - como se fosse possível esquecer - que há dez anos o mundo mudou (e não foi pra melhor).
Naquela manhã, a humanidade amanheceu assistindo, atônita, ao ataque terrorista aos EUA. No dia seguinte, a América chorava suas perdas, tentando juntar os cacos, se recompor, buscando, desesperadamente, o rosto do inimigo. O pesadelo, no entanto, continuava com novas ameaças - em cada parte do Universo...
Os objetivos de paz mundial esbarram em questões políticas e econômicas que precisam ser resolvidas antes dos movimentos pacifistas. Na globalização, os desiguais somam números gigantescos, tornando impossível o interagir - uma vez que os ricos ficam mais ricos e os pobres, como não podia deixar de ser, cada vez mais pobres.
Mas eu entendo pouco sobre isso: estou especulando dentro das visões que ouvi, sendo que essa acima é uma explicação muito simplista para o que aconteceu naquele dia - ainda que não se possa negar que esse seja um dos efeitos de décadas em que a desigualdade imperou.
Embora os olhos dos governantes tenham se voltado para o lado prático na tentativa inútil de avaliar em como esse fato iria refletir em nossas vidas - imediatamente, com certeza, na economia e segurança mundiais -, e mesmo que escrever isso possa soar ingênuo, o que mais me chocou (e ainda choca) foi a tragédia literal, como o ser humano é pequeno e mesquinho, destrutivo - a si e aos seus semelhantes. Questionei-me sobre o valor da vida e em como não há limites para o ódio e as desavenças.
O terrorismo é uma covardia. Enquadrado como 'crime contra a humanidade', é o horror, a face mais medonha do Homem.
No entanto, eu tenho uma parte da alma que é fria e dura: a retaliação me soou muito pertinente naquele momento. Entendo, contudo, que talvez ela não tenha sido justa, nem tenha servido a qualquer propósito benéfico. As guerras carregam uma fatalidade imponderável: seja qual for a 'bandeira' hasteada - do poder, da economia, da política, da religião -, descem dos 'palácios' e aportam nas ruas. Viram uma causa civil e a população é que paga o preço mais alto: com a vida.
As armas nucleares e a pena de morte não nos deixam ilesos. Bem sabemos como os EUA são temidos - em qualquer vertente, e apesar da crise, ainda são uma potência mundial -, mas isso não os livrou de uma tragédia como essa - e outras que se seguiram em escalas diversas. Esses atributos apenas intimidam, pois, como se vê, os autores do fatídico 11 de Setembro - "O Dia T" -, não cogitaram a repercusão perigosa do ato - ou não se importaram com a gravidade das consequências que ele podia gerar. O ser humano tem sua loucura, que espreita pelos cantos escuros, nas sombras das entranhas.
Eu, como a maioria dos mortais, não sei como se poderá alcançar um mediador para a paz...
Continuo perplexa. Dez anos depois...
Eu não queria escrever sobre isso, mas pareceu-me inevitável: nos últimos dez dias, não se ouve falar de outra coisa. Os quatro cantos do mundo oferecem sua parcela de comentários, imagens, reportagens, entrevistas, histórias que nos lembram - como se fosse possível esquecer - que há dez anos o mundo mudou (e não foi pra melhor).
Naquela manhã, a humanidade amanheceu assistindo, atônita, ao ataque terrorista aos EUA. No dia seguinte, a América chorava suas perdas, tentando juntar os cacos, se recompor, buscando, desesperadamente, o rosto do inimigo. O pesadelo, no entanto, continuava com novas ameaças - em cada parte do Universo...
Os objetivos de paz mundial esbarram em questões políticas e econômicas que precisam ser resolvidas antes dos movimentos pacifistas. Na globalização, os desiguais somam números gigantescos, tornando impossível o interagir - uma vez que os ricos ficam mais ricos e os pobres, como não podia deixar de ser, cada vez mais pobres.
Mas eu entendo pouco sobre isso: estou especulando dentro das visões que ouvi, sendo que essa acima é uma explicação muito simplista para o que aconteceu naquele dia - ainda que não se possa negar que esse seja um dos efeitos de décadas em que a desigualdade imperou.
Embora os olhos dos governantes tenham se voltado para o lado prático na tentativa inútil de avaliar em como esse fato iria refletir em nossas vidas - imediatamente, com certeza, na economia e segurança mundiais -, e mesmo que escrever isso possa soar ingênuo, o que mais me chocou (e ainda choca) foi a tragédia literal, como o ser humano é pequeno e mesquinho, destrutivo - a si e aos seus semelhantes. Questionei-me sobre o valor da vida e em como não há limites para o ódio e as desavenças.
O terrorismo é uma covardia. Enquadrado como 'crime contra a humanidade', é o horror, a face mais medonha do Homem.
No entanto, eu tenho uma parte da alma que é fria e dura: a retaliação me soou muito pertinente naquele momento. Entendo, contudo, que talvez ela não tenha sido justa, nem tenha servido a qualquer propósito benéfico. As guerras carregam uma fatalidade imponderável: seja qual for a 'bandeira' hasteada - do poder, da economia, da política, da religião -, descem dos 'palácios' e aportam nas ruas. Viram uma causa civil e a população é que paga o preço mais alto: com a vida.
As armas nucleares e a pena de morte não nos deixam ilesos. Bem sabemos como os EUA são temidos - em qualquer vertente, e apesar da crise, ainda são uma potência mundial -, mas isso não os livrou de uma tragédia como essa - e outras que se seguiram em escalas diversas. Esses atributos apenas intimidam, pois, como se vê, os autores do fatídico 11 de Setembro - "O Dia T" -, não cogitaram a repercusão perigosa do ato - ou não se importaram com a gravidade das consequências que ele podia gerar. O ser humano tem sua loucura, que espreita pelos cantos escuros, nas sombras das entranhas.
Eu, como a maioria dos mortais, não sei como se poderá alcançar um mediador para a paz...
Continuo perplexa. Dez anos depois...
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