ARTE QUE IMITA VIDA [Debora Bottcher]
Houve um tempo, quando eu era uma simples estudante, que eu não perdia um capítulo de uma novela - geralmente, a das seis. Protagonistas como Malu Mader e Maitê Proença eram minhas referências femininas.
Mais tarde, quando comecei a trabalhar e estudar, deixei as novelas de lado e não acompanhava nem quando tinha algum tempo livre.
Já adulta e casada, passei a ver as novelas das nove (antes chamadas 'das oito') por pura conveniência: aqui em casa, janta-se entre o Jornal Nacional e o começo da novela, e como a sala de jantar é uma extensão da sala de TV, a gente vai seguindo o olhar pela programação, num movimento que é automático. Claro que não nos prendemos a acompanhar diariamente - não é aquilo de 'só sai depois da novela' - mas posso dizer que é uma programação, digamos, regular na casa e é inevitável, então, se 'conectar' a uma história fictícia, emocionar-se, discutir, questionar os rumos das tramas.
Há alguns anos, o autor Silvio de Abreu declarou numa entrevista que se a gente assistir com atenção aos primeiros capítulos, sabe o desenrolar da história inteira. A partir disso, tenho tomado o cuidado de não ver a primeira semana pra não me 'contaminar' e perder as surpresas, porque me dei conta de que nas entrelinhas dos primeiros diálogos e movimentos, dá pra decifrar até o final mais surpreendente que um autor pode criar.
Isso não é uma questão de genialidade: é que a arte vive de imitar a vida e, como eu digo sempre, todas as histórias de amor são iguais. E acho que podemos incluir também as de dor, de trapaça, de traição. As histórias entre irmãos/irmãs rivais - que se repetem em filhos, às vezes até em netos de uma geração -, as histórias de pessoas interesseiras, as histórias de pessoas simples que querem viver dias de glamour, as de violência, as de falhas de caráter, enfim: você se depara, nas telas, com nada mais do que o cotidiano, retratado de um jeito mais ou menos irreverente, picante, transgressor, mas o dia-a-dia cru e nu em forma de entretenimento.
Essa nova novela (Insensato Coração) começou muito antes de começar - com a desistência de Fábio Assunção e Ana Paula Arósio, o vilão e a mocinha. Ninguém sabe por que Arósio declinou, mas quando você vê a carga densa do personagem Léo - que ficou para Gabriel Braga Nunes - fica claro o motivo de Fabio, por sua recente história de vida.
Mas o mais curioso é ver Paola Oliveira na pele da protagonista Marina: ano passado, especula-se que seu atual namorado terminou o casamento durante a lua-de-mel com outra atriz para viver um amor com ela - que perdura desde então. Questionada recentemente - inevitável a semelhança - declarou, entre irritada e aborrecida, que 'não, não roubou o marido de ninguém!'
Pessoalmente, acredito - até porque, como na vida real, o que se vê na ficção é que um amor arrebatador não pode ser controlado. Coincidência difícil de driblar é viver a própria história duas vezes - esperando que, nos dois casos, o final seja feliz...
Mais tarde, quando comecei a trabalhar e estudar, deixei as novelas de lado e não acompanhava nem quando tinha algum tempo livre.
Já adulta e casada, passei a ver as novelas das nove (antes chamadas 'das oito') por pura conveniência: aqui em casa, janta-se entre o Jornal Nacional e o começo da novela, e como a sala de jantar é uma extensão da sala de TV, a gente vai seguindo o olhar pela programação, num movimento que é automático. Claro que não nos prendemos a acompanhar diariamente - não é aquilo de 'só sai depois da novela' - mas posso dizer que é uma programação, digamos, regular na casa e é inevitável, então, se 'conectar' a uma história fictícia, emocionar-se, discutir, questionar os rumos das tramas.
Há alguns anos, o autor Silvio de Abreu declarou numa entrevista que se a gente assistir com atenção aos primeiros capítulos, sabe o desenrolar da história inteira. A partir disso, tenho tomado o cuidado de não ver a primeira semana pra não me 'contaminar' e perder as surpresas, porque me dei conta de que nas entrelinhas dos primeiros diálogos e movimentos, dá pra decifrar até o final mais surpreendente que um autor pode criar.
Isso não é uma questão de genialidade: é que a arte vive de imitar a vida e, como eu digo sempre, todas as histórias de amor são iguais. E acho que podemos incluir também as de dor, de trapaça, de traição. As histórias entre irmãos/irmãs rivais - que se repetem em filhos, às vezes até em netos de uma geração -, as histórias de pessoas interesseiras, as histórias de pessoas simples que querem viver dias de glamour, as de violência, as de falhas de caráter, enfim: você se depara, nas telas, com nada mais do que o cotidiano, retratado de um jeito mais ou menos irreverente, picante, transgressor, mas o dia-a-dia cru e nu em forma de entretenimento.
Essa nova novela (Insensato Coração) começou muito antes de começar - com a desistência de Fábio Assunção e Ana Paula Arósio, o vilão e a mocinha. Ninguém sabe por que Arósio declinou, mas quando você vê a carga densa do personagem Léo - que ficou para Gabriel Braga Nunes - fica claro o motivo de Fabio, por sua recente história de vida.
Mas o mais curioso é ver Paola Oliveira na pele da protagonista Marina: ano passado, especula-se que seu atual namorado terminou o casamento durante a lua-de-mel com outra atriz para viver um amor com ela - que perdura desde então. Questionada recentemente - inevitável a semelhança - declarou, entre irritada e aborrecida, que 'não, não roubou o marido de ninguém!'
Pessoalmente, acredito - até porque, como na vida real, o que se vê na ficção é que um amor arrebatador não pode ser controlado. Coincidência difícil de driblar é viver a própria história duas vezes - esperando que, nos dois casos, o final seja feliz...
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