O TIME DO CORAÇÃO [Ana Gonzalez]

Mas ocorre que, no desenvolvimento desta história, a criança amada encontrou amiguinhos. O mais querido deles, aquele escolhido, o preferido, cuja família o aceitara também de coração, entraram na história. Isso não seria nada sério, estranho ou digno de nota se eles não fossem são-paulinos.
Ora, não deu outra. O pai do amigo preferido entendeu a situação e fácil, fácil, matou os sonhos da avó de maneira fatal. Comprou uniformes são-paulinos para os dois amigos. Completos: calção, camiseta e meia. Tudo de acordo. E foram todos ao campo assistir à disputa de um jogo que o São Paulo fez no campo da cidade. Que criança suportaria tamanha pressão? Ele virou são-paulino. Eu confesso que achei jogo baixo, mas nem poderia dizer isso a ele. Coisas da vida. Não dava para eu fazer mais nada. Já estava decidido.

Eu estava em sua casa e ele chegou com um amiguinho da vizinhança. Perguntei qual era o jogo que estava acontecendo, ao qual eles assistiriam. Era São Paulo contra o Palmeiras. E ele torcia para o Palmeiras. Pensei ter ouvido mal, mas, ao olhar para a dupla de chuteiras e calção sujo e carinhas cansadas, senti que não ia ter sucesso em pesquisar por meios racionais. Para uma corinthiana como eu, qualquer time é melhor do que o Palmeiras. Nunca o Palmeiras, nunca mesmo. Mas, naquele dia, eu achei música para meus ouvidos essa declaração. Estranhei a verde preferência, mas era uma abertura nova que se dava no cenário. Aos poucos, senti que eu poderia ter esperanças.

Até que um dia chegou feliz em minha casa e me contou com ares de novidade que havia uma notícia para mim: o time de sua preferência era o Barcelona! E quis ir à internet me mostrar como era lindo o desenho do novo time. Tive que lhe fazer uma cópia. Sic!
Fiquei desolada, mas achei interessante... Na verdade, não sabia o que pensar. Cabeça de criança... Mas, com certeza, o mundo infantil é fantástico!
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ana gonzález