PASSADO, PRESENTE E FUTURO >> Clara Braga

Adoro ir ao cinema. Melhor do que ir ao cinema é ir ao cinema sem saber absolutamente nada sobre o filme que vou assistir e ter uma ótima surpresa quando o filme é maravilhoso. É claro que hoje em dia não é muito recomendável fazer isso, já que o ingresso do cinema está um absurdo de caro, mas quando se trata de um filme de Woody Allen, as chances de se arrepender são mínimas.

Lá estava eu, domingo à noite, indo ao cinema assistir a Meia-noite em Paris. Que filme maravilhoso! Recomendo a todos. E apesar do diretor não aparecer no filme, como normalmente faz, colocou em seu lugar Owen Wilson, interpretando um roteirista bem-sucedido, mas frustrado por não conseguir escrever um livro de romance.

Um filme a principio bem realista, que faz um tour por Paris e te deixa morrendo de vontade de sair dali e ir direto ao aeroporto comprar uma passagem, mas que ao mesmo tempo mostra o protagonista fazendo uma viagem no tempo e encontrando, de uma forma muito cômica, escritores e artistas que ele admirava.

De F. Scott Fitzgerald a Salvador Dali, muita gente aparece no filme. Todos com diálogos muito bem escritos que arrancam risadas de quem assiste, mas que no meu caso às vezes também me faziam sentir um pouco sem cultura, pois as referências eram tantas que nem sempre eu acompanhava as “piadas” por não conhecer quem estava sendo retratado ali. Mas tudo bem, nada que a mãe Google não resolva para mim depois.

Uma comédia inteligente que no final das contas te joga a “moral” da história sem ser nem um pouco moralista. O protagonista, em sua primeira viagem no tempo, vai para os anos 20, época que considerava ser a era de ouro. Lá conhece uma mulher que considera a Belle Époque a era de ouro. Já na Belle Époque, a era de ouro era o Renascimento. E assim, de uma forma até um pouco sutil, acabamos nos perguntando por que temos tanta dificuldade de reconhecer o valor da contemporaneidade. É difícil ver o que está acontecendo agora, embaixo dos nossos narizes, como algo realmente importante. Nós temos essa mania feia de viver do passado, e quando digo passado não precisamos ir para a Paris dos anos 20. Vivemos lembrando da nossa infância com nostalgia, como se fosse uma época melhor, e no futuro vamos considerar hoje nossa melhor fase.

Mas dizer que vivemos só de passado é injusto, hoje em dia vivemos também de futuro. A única coisa que é realmente difícil e que, se não nos esforçarmos, não vamos conseguir é viver do presente.

Comentários

Bronxdope disse…
Viver do presente é tão difícil quanto imprescindível!! Parabéns Clarinha!
Boa reflexão, Clara. E obrigado por me lembrar que já está na hora de ver o novo filme do Woody Allen.
albir disse…
Muito bom, Clara!

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