A PRIMEIRA VEZ >> Eduardo Loureiro Jr.
A primeira vez, a gente sempre lembra. Mas, como diz o Oswaldo Montenegro, "sempre não é todo dia", então de vez em quando a gente esquece a primeira vez, sim.
Eu, por exemplo, lembro o primeiro beijo, mas não o primeiro sexo. A leitora, romântica ortodoxa, vai dizer que, se eu tivesse feito amor, e não sexo, lembraria até hoje. E eu vou dizer que isso é assunto para outra crônica, talvez chamada Sexo É Amor. Mas vamos adiante, porque o assunto é outro. Lembrar, ou esquecer, não aumenta ou diminui a importância da primeira vez.
A primeira vez é que separa quem somos de quem fomos. Bebê ex-feto, pela primeira respiração. Sexualmente ativo ex-virgem, pela primeira transa. Trabalhador ex-dependente, pelo primeiro emprego. Casado ex-solteiro, pelo matrimônio. A experiência de fazer alguma coisa pela primeira vez é, comumente, individual. As exceções são o nascimento de gêmeos, a admissão coletiva por concurso e o casamento em massa para entrar nos recordes mundiais do Guinness.
Mas eis que há pouco, questão de algumas horas, milhões de pessoas, 46 milhões, ao mesmo tempo, tiveram sua primeira vez sem direito a Guinness, salário, tapinha na bunda ou camisinha. Pessoas das mais variadas idades, raças, condições econômicas e credos. Gente que esperava pela primeira vez ansiosamente e gente que não está nem dando muita importância ao fato.
Daqui a 30 ou 40 anos, muitos desses 46 milhões de pessoas nem lembrarão direito como foi a primeira vez: não recordarão onde estavam, por quem estavam acompanhadas ou como reagiram. Isso não importa. O fato é que essas pessoas agora são campeãs mundiais ex-amarelonas. Não foi grito de choro de recém-nascido, não foi gozo de amante, não foi ponto de trabalho, não foi tapete vermelho — embora tenha sido um pouco disso tudo. Foi mais exatamente um chute, um gol de um artilheiro matador com nome de flor: Iniesta.
Hoje, 11 de julho de 2010, o grupo dos 7 campeões da Copa do Mundo de Futebol se transformou em grupo dos 8, mesmo número dos braços do polvo profeta que previu quem seria o campeão. Em junho de 2014, no jogo de abertura da próxima Copa do Mundo, no Brasil, aproximadamente 50 milhões de espanhóis serão representados por 11 jogadores vestindo vermelho que jogarão contra a todo-poderosa seleção anfitriã. Será o nono jogo entre Brasil e Espanha, mas, dessa vez, será o confronto de um campeão contra outro campeão, sem zebra e sem favorito.
Bem-vinda ao clube, Espanha. Parabéns a todos vocês, colegas espanhóis. "¡Nosotros somos los campeones, mis amigos!"
Eu, por exemplo, lembro o primeiro beijo, mas não o primeiro sexo. A leitora, romântica ortodoxa, vai dizer que, se eu tivesse feito amor, e não sexo, lembraria até hoje. E eu vou dizer que isso é assunto para outra crônica, talvez chamada Sexo É Amor. Mas vamos adiante, porque o assunto é outro. Lembrar, ou esquecer, não aumenta ou diminui a importância da primeira vez.
A primeira vez é que separa quem somos de quem fomos. Bebê ex-feto, pela primeira respiração. Sexualmente ativo ex-virgem, pela primeira transa. Trabalhador ex-dependente, pelo primeiro emprego. Casado ex-solteiro, pelo matrimônio. A experiência de fazer alguma coisa pela primeira vez é, comumente, individual. As exceções são o nascimento de gêmeos, a admissão coletiva por concurso e o casamento em massa para entrar nos recordes mundiais do Guinness.
Mas eis que há pouco, questão de algumas horas, milhões de pessoas, 46 milhões, ao mesmo tempo, tiveram sua primeira vez sem direito a Guinness, salário, tapinha na bunda ou camisinha. Pessoas das mais variadas idades, raças, condições econômicas e credos. Gente que esperava pela primeira vez ansiosamente e gente que não está nem dando muita importância ao fato.
Daqui a 30 ou 40 anos, muitos desses 46 milhões de pessoas nem lembrarão direito como foi a primeira vez: não recordarão onde estavam, por quem estavam acompanhadas ou como reagiram. Isso não importa. O fato é que essas pessoas agora são campeãs mundiais ex-amarelonas. Não foi grito de choro de recém-nascido, não foi gozo de amante, não foi ponto de trabalho, não foi tapete vermelho — embora tenha sido um pouco disso tudo. Foi mais exatamente um chute, um gol de um artilheiro matador com nome de flor: Iniesta.
Hoje, 11 de julho de 2010, o grupo dos 7 campeões da Copa do Mundo de Futebol se transformou em grupo dos 8, mesmo número dos braços do polvo profeta que previu quem seria o campeão. Em junho de 2014, no jogo de abertura da próxima Copa do Mundo, no Brasil, aproximadamente 50 milhões de espanhóis serão representados por 11 jogadores vestindo vermelho que jogarão contra a todo-poderosa seleção anfitriã. Será o nono jogo entre Brasil e Espanha, mas, dessa vez, será o confronto de um campeão contra outro campeão, sem zebra e sem favorito.
Bem-vinda ao clube, Espanha. Parabéns a todos vocês, colegas espanhóis. "¡Nosotros somos los campeones, mis amigos!"
Comentários
E que 2014 seja o ano do país do futebol ser campeão no país do futebol. Pela primeira vez.
que beleza de simpatia com os espanhóis. Bem a sua cara, mesmo.
Fazemos coro: bienvenidos!
Brigadim, Albir. Da próxima vez que eu for ao Rio, eu lhe mostro a minha cara. :)