MÃE – A MINHA, A SUA, TODAS
[Debora Bottcher]
Pessoalmente,
não gosto de escrever sobre ‘datas especiais’ porque sempre me pergunto quem
foi que inventou esses ‘dias de’ e baseado em que. É que apesar de eventuais
evidências, eu me recuso a crer que essa ‘mágica’ idéia resiste ao tempo, à
modernidade, às novas gerações, fincada apenas no foco de atiçar as vendas do
quase-sempre-em-crise mercado comercial – digo ‘quase’ porque todas as vezes
que vou ao shopping, em qualquer dia da semana, assombro-me com o movimento
constante. Daí não tenho certeza de entender bem a base dos números e imagino
sempre que é porque as estimativas são ousadas e otimistas demais, muito acima
do poder aquisitivo da população média.
Seja
como for, se me proponho a abordar o tema do momento – o ‘Dia das Mães’ -
prefiro direcioná-lo à figura materna diretamente, para quem, certamente, tal
dia é apenas uma vírgula no traçado de sua (árdua) trajetória. Não sou Mãe –
que fique claro; portanto, para dedilhar (vagamente) sobre elas, vou me basear
na minha, nas mães alheias, nas amigas mães.
Quase
– e o ‘quase’ aqui novamente é por conta de que nenhuma generalização procede -
todas elas são pessoas encantadas e encaixam-se com perfeição na metáfora da
poeta Cecília Meireles: aprender
com as primaveras a deixar-se cortar e voltar sempre inteira.
Mães
são aqueles seres que nos conhecem profundamente: nos atormentam e salvam.
Sabem, através de um rápido olhar, se estamos bem ou se algo está errado;
identificam no nosso tom de voz a melancolia e a alegria e são capazes de
sentir nossas sensações a quilômetros de distância.
Mães
são os personagens que traduzem, literalmente, o significado de amor
incondicional: AMAM – contudo, todavia, portanto, além e apesar de. São a
irradiação profunda do sentimento supremo, do aconchego, daquele tipo de paz e
segurança que moram em nossa memória infantil e que, não raro, tentamos
resgatar para a busca do equilíbrio cotidiano.
Mães
têm humildade, esperanças, paciência, sabedoria, compaixão. São virtuosas,
algumas vezes excêntricas, eventualmente exageradas. Entendem de perdão como
ninguém e o praticam por antecipação. Suas lembranças são sempre vívidas e
dentro delas somos eternas crianças.
Mães,
curiosamente, guardam muitos segredos e um poder de superação que resiste ao
revés com coragem e determinação imbatíveis - pois detêm uma força que elas
próprias, muitas vezes, desconhecem.
Mães
são senhoras da beleza de um jeito especial e único. Mulheres puras na imperfeição
– porque têm, em primeira mão, a remissão do que chamam divino. Afinal,
são Mães - as nossas.
E a elas nossa gratidão, o respeito, todo amor. Todos os dias.
Foto: Rogério Voltan
Up Date: Certamente, alguém que lê a doçura embutida nesse texto, vai pensar nas mães que jogam seus bebês em latas de lixo, os abandonam pela estrada, naquelas que os renegam, nas que, por temperamento difícil (próprio e/ou dos filhos) mantém relações distantes. Mesmo a essas, dou o benefício da dúvida e/ou da loucura: para algumas mulheres, lidar com a maternidade pode ser algo acima de suas limitações emocionais.
Comentários
É isso aí, Debora. Ótima lembrança. Mãe precisa ser amada e comemorada todos os dias. Sua sensibilidade sempre me emociona.
beijo grande.
Fonte: Crônica do Dia: MÃE – A MINHA, A SUA, TODAS [Debora Bottcher]
Beijo pra vc - com quatro filhas, vc é mais uma heroína que caminha pelo mundo... :)
Beijo enorme para você que, apesar de nao ter gerado, é uma mãe com M maiúsculo!