POR AMOR OU POR DINHEIRO
>> Maria Rachel Oliveira

Outro dia, aliás li no site da BBC uma matéria sobre os resultados de uma pesquisa realizada por cientistas americanos sobre o que atrai mais as mulheres num homem, se aparência ou dinheiro. O estudo, que foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology (Jornal de Psicologia Social e Personalidade), conclui que, no final das contas, a aparência é o que conta mais para ambos os sexos na hora de escolher o parceiro amoroso. Balela. Discordo enormemente. Pra começar, fizeram a pergunta errada quando elaboraram o tal estudo. Rico ou pobre realmente é secundário quando se trata de um encantamento que pode vir dum jeito de olhar, de uma certa gargalhada, ou até mesmo de uma falha nos dentes. Gosto é pessoalíssimo - e insondável, aliás.
Eu, por exemplo, já amei feios. Já amei duros. Já amei ricos e já amei bonitos (esses últimos quando não são narcisistas são ótimos, mas isso é exceção, o que não os torna tão bons partidos quanto aparentam à primeira vista). Porém, pães-duros jamais. Não tem nada mais deprimente do que um primeiro jantar em que a conta 'deu 32,50 pra você e 45,27 pra mim, porque eu tomei uma taça de vinho a mais'. Esse cara merece ser capado e seu instrumento oferecido em sacrifício aos pombos da Cinelândia. O que os homens não entendem é que as mulheres querem que eles paguem as contas. Isso mesmo. Pro inferno essa de igualdade de sexos, a gente quer ser paparicada. Ponto. A gente quer ser tratada como mulherzinha; sim senhores, t-o-d-a-s, talvez até principalmente as mais metidas a independentes!
Claro, existe uma diferença, uma enorme diferença entre a mulher que quer ser paparicada e a mulher que quer dar o golpe do baú e ficar de boreste enquanto o sujeito se esfalfa todo pra ela poder quedar-se a fazer nada. E é a falta total de percepção dessa sutil diferença o ponto em que as relações se lascam. Terminam trocando os pés pelas mãos e acabam parando nas mãos das dissimuladas, que fingem muito bem até ter o poder necessário para depená-los (ou vocês acham que aquela bunda dura delas e aqueles amigos 'personais' todos é porque elas trabalham seriamente feito umas cornas o dia inteiro?).
Eu já fui jantar em restaurante baratex e me senti uma rainha quando o sujeito se recusou terminantemente a dividir a conta. E era um duro, só pra constar. Impressionou muito mais do que aquele cara mauriceba que te leva num restaurante cheio de guéri-guéri e escolhe o vinho que vai tomar pelo menu da direita (pra quem não entendeu a piadinha, pelo lado em que estão os preços). As mulheres querem cavalheirismo. Sim, isso quer dizer: que vocês paguem SEMPRE a conta do restaurante e que abram a porta do carro pra gente, quando nos convidarem pra sair. Mas não se iludam que a ‘boa mulher’ vocês diagnosticam facilmente. No início, todas queremos a mesma moleza, mas, se vocês fizerem a opção certa, verão que, conforme ela for pegando intimidade, a ‘certa’ – a que só quer ser paparicada e não a sanguessuga – retribuirá na mesma moeda, e não economizará em surpresinhas (que podem ir desde pequenas ou grandes viagens a presentes pessoalíssimos e inesquecíveis) que certamente o farão muito feliz.
E sim, a gente acha muito justo dividir contas – quando isso implica em morar debaixo do mesmo teto e as tais ‘contas’ em questão são de telefone, luz e por aí vai. E achamos que o justo é que as contas sejam pagas na proporção da remuneração de cada um, independentemente de quem ganha mais.
O pai de uma amiga de uma amiga tem um conselho sábio. Nem para isso, nem para nada mais (como cultura e outras questões relevantes) a gente deve se envolver com alguém que não se enquadre na regra dos 30%. Não pode ser mais de 30% mais ou menos em qualquer quesito. Claro que há exceções, oras. Mas nesse caso, os dois olhos - e não um só - abertos, sîl vouz plaît.

Comentários

Zoraya disse…
"Esse cara merece ser capado e seu instrumento oferecido em sacrifício aos pombos da Cinelândia" INSPIRADÍSSIMO, Rachel, o texto está inspiradíssimo! Morri de rir em várias partes. E certeiro! Acho que vou, com sua permissão, divulgá-lo por todos amigos e conhecidos, vou transformá-lo em Manual Básico da Boa Escolha.
Zoraya disse…
"Esse cara merece ser capado e seu instrumento oferecido em sacrifício aos pombos da Cinelândia" INSPIRADÍSSIMO, Rachel, o texto está inspiradíssimo! Morri de rir em várias partes. E certeiro! Acho que vou, com sua permissão, divulgá-lo por todos amigos e conhecidos, vou transformá-lo em Manual Básico da Boa Escolha.
albir disse…
Rachel,
não se atreva, nunca mais, a se calar por aqui. Você veio pra ficar. Beijo.

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