CRIATIVIDADE ROMÂNTICA >> Clara Braga

Quando eu era pequena assistia a desenhos animados com finais felizes, brincava de Barbie e as histórias eram sempre felizes, a Barbie sempre estava com o Ken que ela queria estar, e sei que na brincadeira das minhas amigas as coisas também aconteciam dessa forma bem simples e bonita.

Depois eu fui crescendo, já não brincava mais de boneca, brincava de queimada na escola, gostava de jogar Handball, fazia ballet, colecionava papeis de carta e essas coisas. Mas ainda tinham algumas brincadeiras que os meninos não faziam com as meninas, eram umas brincadeiras que a partir de uma contagem x a gente descobria com quem a gente ia casar, com quantos anos, onde e como ia ser, era impressionante, a gente sabia de tudo em questão de segundos e nem precisava de nenhum tipo de cartomante ou algo assim.

Então crescemos mais, passamos pelo primeiro amor que a gente jura que é o cara das nossas vidas e hoje não sabemos nem se ele está vivo ou morto, e passamos também por aquela fase de idolatrar meninos bonitinhos de alguma banda, que nem sabem da nossa existência, mas que a gente jura que um dia vão saber e vão cair de amores por nós.

Depois, quando ficamos adultas, caímos na real, percebemos que relacionamentos podem ser complicados, que contos de fadas são mesmo coisas da Disney, e percebemos também certo machismo nas coisas. Se a mulher fica sozinha até uns 30 e poucos anos, então vai ficar para a titia, o homem só está aproveitando a vida. E esse é só um dos vários exemplos que eu poderia dar.

Mas deixando a questão do machismo de lado, a diferença entre homem e mulher existe desde cedo, pelo menos no meu círculo de amigos foi assim. Enquanto nós mulheres estávamos lá observando os meninos da turma, vendo quem era o mais bonito e quem não era, eles só estavam preocupados em jogar bola. Nos filmes de desenho animado eles estavam mais interessados na ação do filme e não na história de amor. Depois, quando idolatrávamos os meninos bonitinhos de bandas, os meninos só olhavam as mulheres de bandas ou da televisão mesmo, achavam bonitas e pronto, não chegavam em casa e sonhavam com o dia que iam conhecer suas musas e elas iam se apaixonar por eles. De fato eles sempre foram bem mais desencanados dessa coisa de amor.

Devo confessar que acho que eles estão certíssimos, tem idades em que não temos mesmo que nos preocupar com essa história de gostar ou não de alguém, temos que viver a vida, jogar bola, brincar e deixar essa coisa de relacionamento para quando tivermos idade para entender o que é e o que deixa de ser gostar de alguém, se é que algum dia a gente aprende. E não pensem que estou dizendo que as meninas da minha época de infância não aproveitaram a vida, só acho que tem certas preocupações que devem vir com o tempo.

Mas gostaria de dar uma opinião sobre o assunto, acho que o fato dos meninos, pelo menos os que eu conheço, terem sido mais desligados dessa coisa de gostar ou não, fez com que eles crescessem um pouco sem criatividade romântica. Sei que não posso generalizar, mas ultimamente, os amigos que eu tenho chegam ao nível de levar a namorada para jantar cheetos no posto de gasolina. Se ela ainda está com ele é porque com certeza ele tem outras qualidades, mas que passam longe da habilidade de elaborar um jantar romântico.

Já nós mulheres, crescemos, aprendemos muitas coisas, mas muitas de nós continuamos a nos deliciar assistindo a filmes de comédia romântica. E então vem um homem e pergunta: Porque você gosta tanto desses filmes? Não sei o que você vê neles!

Bom, respondendo aos homens que não conseguem entender, nós vemos homens apaixonados que não tem medo de demonstrar o que sentem e que são exageradamente românticos, e achamos isso bonito. Mas entendam, diferente do que vocês pensam, achamos bonito no filme, na vida real o exageradamente romântico pode ser extremamente chato, mas ser romântico, levar para jantar em um lugar legal de vez em quando, fazer uma surpresa uma vez ou outra, dar flores e outras coisas não mata ninguém né?

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