SEMEANDO A PAZ [Maria Rita Lemos]
Em tudo o que estudei sobre Religião, incluindo toda a vida escolar em colégio católico e o curso de Teologia feito depois de adulta, o texto bíblico que mais me tocou foi e continua sendo o “Sermão da Montanha”. Todo o capítulo é muito atual e profundo, mas quero enfatizar o versículo nove: "Bem-aventurados os pacíficos; porque eles serão chamados filhos de Deus". (Mateus V. 9)
Meses atrás, a televisão dava notícias das vítimas do terremoto que abalou o Chile: os sobreviventes, a insegurança, o medo. Com certeza, estamos vivendo um tempo em que a natureza está travando um diálogo ferrenho com o ser humano, tão machucada que tem sido por ele há séculos. É como se estivesse se vingando, em todos os pontos do mundo, de diversas formas, em suas várias manifestações.
No entanto, não é sobre esse tipo de medo que quero refletir com meu leitor e leitora hoje: quero falar sobre o desejo de justiça, solidariedade e paz que enche nossos corações, de forma especial nesse início de século tão conturbado.
A grande contradição que estamos vivendo é muito clara: o brasileiro é pacífico por natureza. Não é raro assistirmos ao surgimento de comunidades onde as pessoas se ajudam, fazem mutirões para construir ou refazer espaços comuns, enfim, cada vez que uma desgraça atinge qualquer localidade, dentro ou fora de nosso país, todos se irmanam para diminuir a dor e a carência, material e espiritual, dos atingidos. Por outro lado, assistimos ao crescimento, sobretudo nas grandes cidades, da miséria, da desigualdade social e do seu efeito mais evidente, que é a violência, em todas as formas.
Essa realidade aponta para uma necessidade de que nos mobilizemos, resgatando valores que parecem perdidos, tanto no que diz respeito à Mãe Natureza, à preservação do planeta, quanto à vida familiar e social, à convivência com nossos pares.
Infelizmente, temos o péssimo hábito de fixar a atenção apenas no que é negativo. Damos muita ênfase à morte causada pela bala perdida, aos crimes, aos seqüestros, enfim, às conseqüências da violência urbana, que de tão exposta parece estar sendo banalizada. Esquecemos, no entanto, o lado positivo; a mídia, inclusive, se descuida de destacar o que é feito para mudar esse quadro, e muita coisa vem sendo feita. Talvez não tanto quanto precisamos, mas já é um começo.
Sabemos que há muitas pessoas e sociedades, organizadas ou não, ONGs, entidades preocupadas com a ação social, a cultura e a educação do povo. Tratam-se, na verdade de sementes de paz, porque um povo culto e saudável dificilmente engrossa fileiras da violência. Basta pesquisar na internet, e veremos um número cada vez maior de redes sociais e projetos que têm a paz e o bem-estar coletivo como alvo final, inclusive na recuperação ou na prevenção da criminalidade.
São passos de formiguinha, claro. No entanto, não podemos nos esquecer de que a responsabilidade por essa situação de insegurança e temor passa por cada um de nós. Se não transmitirmos paz aos nossos semelhantes, todos os dias, a todos com que convivemos, não estaremos em paz conosco, porque não estaremos centrados com nossa energia e emoções, portanto será impossível transmitir a serenidade e a harmonia que não temos.
Antes de ajudar a pacificar o mundo, há que desconstruir a violência dentro de nós, e isso se faz tentando manter a mansidão e a tranqüilidade em nossas mentes e ações, independente das circunstâncias. Difícil, eu sei, mas tem muita gente que conseguiu, e consegue. Se cada um de nós se acostumar a limpar seu quintal interior, o mundo será mais saudável.
Aquela pátria que sonhamos, onde podemos confiar no semelhante, começa sempre dentro de nós, da mesma forma que as grandes guerras começam no desprezo que possamos ter ou na maldade que façamos ao vizinho, ao familiar, ao companheiro.
Não quero parecer pessimista, até porque não o sou. Prefiro focar a atenção nas pessoas (que são muitas) dedicadas de várias formas e em vários pontos do mundo ao exercício diário da paz e da crença na bondade humana. Nosso povo, especialmente, é famoso pela alegria e pela solidariedade, e quero crer que essas qualidades prevaleçam sobre toda a negatividade.
É preciso estarmos atentos não só às desgraças exibidas abundantemente na mídia. Claro que também as assistimos, afinal não somos alienados. Mas é preciso valorizarmos também o que se diz sobre gente boa, pessoas que ainda devolvem o dinheiro alheio encontrado, gente que arrisca a vida para salvar a de outras pessoas, comunidades que se organizam para ajudar ao próximo.
É com esse espírito que vamos conseguir, um dia, restaurar a sonhada Paz neste planeta. Afinal, Gandhi deixou claro em uma de suas falas que nada mais era necessário escrever, além dos ensinamentos do Sermão da Montanha. Sobretudo, eu acrescentaria, quando ele fala da Paz.
Meses atrás, a televisão dava notícias das vítimas do terremoto que abalou o Chile: os sobreviventes, a insegurança, o medo. Com certeza, estamos vivendo um tempo em que a natureza está travando um diálogo ferrenho com o ser humano, tão machucada que tem sido por ele há séculos. É como se estivesse se vingando, em todos os pontos do mundo, de diversas formas, em suas várias manifestações.
No entanto, não é sobre esse tipo de medo que quero refletir com meu leitor e leitora hoje: quero falar sobre o desejo de justiça, solidariedade e paz que enche nossos corações, de forma especial nesse início de século tão conturbado.
A grande contradição que estamos vivendo é muito clara: o brasileiro é pacífico por natureza. Não é raro assistirmos ao surgimento de comunidades onde as pessoas se ajudam, fazem mutirões para construir ou refazer espaços comuns, enfim, cada vez que uma desgraça atinge qualquer localidade, dentro ou fora de nosso país, todos se irmanam para diminuir a dor e a carência, material e espiritual, dos atingidos. Por outro lado, assistimos ao crescimento, sobretudo nas grandes cidades, da miséria, da desigualdade social e do seu efeito mais evidente, que é a violência, em todas as formas.
Essa realidade aponta para uma necessidade de que nos mobilizemos, resgatando valores que parecem perdidos, tanto no que diz respeito à Mãe Natureza, à preservação do planeta, quanto à vida familiar e social, à convivência com nossos pares.
Infelizmente, temos o péssimo hábito de fixar a atenção apenas no que é negativo. Damos muita ênfase à morte causada pela bala perdida, aos crimes, aos seqüestros, enfim, às conseqüências da violência urbana, que de tão exposta parece estar sendo banalizada. Esquecemos, no entanto, o lado positivo; a mídia, inclusive, se descuida de destacar o que é feito para mudar esse quadro, e muita coisa vem sendo feita. Talvez não tanto quanto precisamos, mas já é um começo.
Sabemos que há muitas pessoas e sociedades, organizadas ou não, ONGs, entidades preocupadas com a ação social, a cultura e a educação do povo. Tratam-se, na verdade de sementes de paz, porque um povo culto e saudável dificilmente engrossa fileiras da violência. Basta pesquisar na internet, e veremos um número cada vez maior de redes sociais e projetos que têm a paz e o bem-estar coletivo como alvo final, inclusive na recuperação ou na prevenção da criminalidade.
São passos de formiguinha, claro. No entanto, não podemos nos esquecer de que a responsabilidade por essa situação de insegurança e temor passa por cada um de nós. Se não transmitirmos paz aos nossos semelhantes, todos os dias, a todos com que convivemos, não estaremos em paz conosco, porque não estaremos centrados com nossa energia e emoções, portanto será impossível transmitir a serenidade e a harmonia que não temos.
Antes de ajudar a pacificar o mundo, há que desconstruir a violência dentro de nós, e isso se faz tentando manter a mansidão e a tranqüilidade em nossas mentes e ações, independente das circunstâncias. Difícil, eu sei, mas tem muita gente que conseguiu, e consegue. Se cada um de nós se acostumar a limpar seu quintal interior, o mundo será mais saudável.
Aquela pátria que sonhamos, onde podemos confiar no semelhante, começa sempre dentro de nós, da mesma forma que as grandes guerras começam no desprezo que possamos ter ou na maldade que façamos ao vizinho, ao familiar, ao companheiro.
Não quero parecer pessimista, até porque não o sou. Prefiro focar a atenção nas pessoas (que são muitas) dedicadas de várias formas e em vários pontos do mundo ao exercício diário da paz e da crença na bondade humana. Nosso povo, especialmente, é famoso pela alegria e pela solidariedade, e quero crer que essas qualidades prevaleçam sobre toda a negatividade.
É preciso estarmos atentos não só às desgraças exibidas abundantemente na mídia. Claro que também as assistimos, afinal não somos alienados. Mas é preciso valorizarmos também o que se diz sobre gente boa, pessoas que ainda devolvem o dinheiro alheio encontrado, gente que arrisca a vida para salvar a de outras pessoas, comunidades que se organizam para ajudar ao próximo.
É com esse espírito que vamos conseguir, um dia, restaurar a sonhada Paz neste planeta. Afinal, Gandhi deixou claro em uma de suas falas que nada mais era necessário escrever, além dos ensinamentos do Sermão da Montanha. Sobretudo, eu acrescentaria, quando ele fala da Paz.
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