PRESENÇA ILUSTRE >> Kika Coutinho
Sei que os leitores desse site já ouviram bastante a respeito do lançamento do livro Acaba não, mundo.
Alguns cronistas já descreveram lindamente o evento e eu estava resistindo à tentação. Mas, depois de largar o papel em branco rumo a outros fins, lembrei que não falaram do mais importante, do mais marcante, do mais iluminado: os bichinhos da luz. Sim, eles estavam lá. Não nos recepcionaram, os danados, trataram de se atrasar. Claro, pra fazer aquele suspense, demoraram um pouco a chegar. No entanto, quando chegaram vieram em peso. Toda a família, vizinhos, amigos, olha, tô pra dizer que eles convidaram-se uns aos outros mais até do que a gente. Devem ter posto na rede social dos bichinhos da luz, o facebook deles foi muito eficiente.
Talvez tenham pego carona uns com os outros, posso até vê-los passando na casa de cada um: “Vem, vamos, estamos atrasados, corre!”. E correram. Desviaram da chuva e seguiram a luz, como é digno de sua espécie.
Minha filha, pequenina e faceira, foi uma das primeiras a notar: “Olha mamãe, bichinhos!”, ela falou, os dedinhos apontados para o alto. “Tem poucos”, pensei, sem saber que no instante seguinte eles lotariam o lugar. "Fechem as portas!", eu quis pedir, com medo de uma superlotação... Mas a nuvem de bichinhos, dançando sobre nós, tinha certa beleza.
Os autores seguiam com seus autógrafos, papos e risadas, enquanto eram observados pela aglomeração que sobrevoava nossas cabeças. Entre uma frase e outra, alguém balançava as mãos no alto, tentando escapar deles. “Ai, caiu um na minha blusa”, dizia uma jovem sacudindo a camisa, procurando onde tinha ido o tarado. “Mas que assanhado!”, eu falei. “Aqui é um evento cultural, viu, se procuravam outra coisa, podem ir saindo...”, tentei avisá-los. Mas eles não erraram o caminho. Era lá mesmo que queriam ir. Garantir que o mundo não acabaria. Garantir que leriam cada autógrafo, cada parágrafo, cada palavra do belo livro sonhado pelo Eduardo, e realizado por todos.
Dizem que esses insetos têm vida curtíssima. Nascem, procriam e morrem, como fazemos nós, mas sem tantas intercorrências entre uma coisa e outra.
Pois um exércitos deles escolheu viver a sua breve vida ali, entre aqueles autores brilhantes, presença ilustríssima — com o perdão do trocadilho tosco.
Assim, sem deixar brecha, fazendo um belo trabalho em grupo, eles foram coadjuvantes daquela tarde chuvosa. Do lado de fora, estava nublado, cinza como só São Paulo sabe ser. Mas, lá dentro, a multidão encontrou a luz. Sim, caros leitores. Foi lindo, cheio de alegria e encanto, o evento. Mas, mais do que isso, foi uma tarde calorosa e iluminada. Os maiores especialistas no assunto podem atestar.
Alguns cronistas já descreveram lindamente o evento e eu estava resistindo à tentação. Mas, depois de largar o papel em branco rumo a outros fins, lembrei que não falaram do mais importante, do mais marcante, do mais iluminado: os bichinhos da luz. Sim, eles estavam lá. Não nos recepcionaram, os danados, trataram de se atrasar. Claro, pra fazer aquele suspense, demoraram um pouco a chegar. No entanto, quando chegaram vieram em peso. Toda a família, vizinhos, amigos, olha, tô pra dizer que eles convidaram-se uns aos outros mais até do que a gente. Devem ter posto na rede social dos bichinhos da luz, o facebook deles foi muito eficiente.
Talvez tenham pego carona uns com os outros, posso até vê-los passando na casa de cada um: “Vem, vamos, estamos atrasados, corre!”. E correram. Desviaram da chuva e seguiram a luz, como é digno de sua espécie.
Minha filha, pequenina e faceira, foi uma das primeiras a notar: “Olha mamãe, bichinhos!”, ela falou, os dedinhos apontados para o alto. “Tem poucos”, pensei, sem saber que no instante seguinte eles lotariam o lugar. "Fechem as portas!", eu quis pedir, com medo de uma superlotação... Mas a nuvem de bichinhos, dançando sobre nós, tinha certa beleza.
Os autores seguiam com seus autógrafos, papos e risadas, enquanto eram observados pela aglomeração que sobrevoava nossas cabeças. Entre uma frase e outra, alguém balançava as mãos no alto, tentando escapar deles. “Ai, caiu um na minha blusa”, dizia uma jovem sacudindo a camisa, procurando onde tinha ido o tarado. “Mas que assanhado!”, eu falei. “Aqui é um evento cultural, viu, se procuravam outra coisa, podem ir saindo...”, tentei avisá-los. Mas eles não erraram o caminho. Era lá mesmo que queriam ir. Garantir que o mundo não acabaria. Garantir que leriam cada autógrafo, cada parágrafo, cada palavra do belo livro sonhado pelo Eduardo, e realizado por todos.
Dizem que esses insetos têm vida curtíssima. Nascem, procriam e morrem, como fazemos nós, mas sem tantas intercorrências entre uma coisa e outra.
Pois um exércitos deles escolheu viver a sua breve vida ali, entre aqueles autores brilhantes, presença ilustríssima — com o perdão do trocadilho tosco.
Assim, sem deixar brecha, fazendo um belo trabalho em grupo, eles foram coadjuvantes daquela tarde chuvosa. Do lado de fora, estava nublado, cinza como só São Paulo sabe ser. Mas, lá dentro, a multidão encontrou a luz. Sim, caros leitores. Foi lindo, cheio de alegria e encanto, o evento. Mas, mais do que isso, foi uma tarde calorosa e iluminada. Os maiores especialistas no assunto podem atestar.
Comentários
Cada texto, cada palavra me faz ficar com uma dorzinha por não ter estado presente.
E seu texto me encheu ainda mais de vontade de voltar o tempo e estar lá.
JARDIM PERFEITO
Dona Tereza, uma senhora muito vaidosa com tudo e dona de uma casa linda, com um belo jardim florido, e forrado de uma grama que mais parecia um tapete, tanto era sua perfeição, claro que os méritos eram todos para o Sr Claudio morador de rua que dona Tereza fazia questão de nem olhar em sua direção, ele quem cuidava do jardim e ela não sabia, pois a senhora vaidosa, até então nunca tinha visto o Sr Claudio em atividade em seu jardim, é que durante o dia ele mendigava e dormia na calçada em frente ao jardim. Para dona Tereza, o jardim era lindo porque Deus a abençoava com aquele pedacinho do céu em sua propriedade, pois ela se julgava uma pessoa boa de coração.
Como toda pessoa hipócrita, dona Tereza só se lembrava das coisas boas que fazia, mas as maldades que aprontava a descriminação, o preconceito, a soberba, a vaidade e o favorecimento a si próprios, ela nem se quer fazia um exame de consciência, para ver que de cada ato de bondade que ela fazia, em contrapartida fazia dois de maldade, e, quem mais sofria era o coitado do Sr Claudio, mas ele nem ligava, toda noite ele ia ao jardim de dona Tereza, aparava galhos secos, folhas mortas, cuidadosamente regava as plantas com a água que ele guardava em garrafas pet, recolhidas durante o dia em sua mendicância, recolhia folhas secas de sobre a grama, expurgava pragas nocivas as plantas, ele cuidava com tanto carinho daquele jardim como se fosse seu, fazia isso com muito cuidado e o máximo de silencia para não acordar a verdadeira dona, assim ele passava a noite inteira conversando com, rosas, bromélias, lírios, cravos, margaridas Adália, samambaias, palmeirinhas e com todas as plantas do pequeno paraíso.
A rotina do Sr Claudio era essa toda noite, assim que começava o movimento de pessoas. Ainda com o dia por nascer, ele saia do jardim, se despedia das plantas e tomava seu cantinho na calçada ali perto, pedia a quem passa, uma pessoa dava alguns trocados, outra dava biscoitos ou algum alimento e assim ele passava o seu dia e dona Tereza sempre admirando a perfeição do seu jardim e achava que eram os anjos quem o cultivava e o conservava exuberante e belo, mas não sabia que era um mendigo quem o conservava, com disposição e os cuidados de um anjo.
Mas em um inicio de madrugada, ainda longe de amanhecer o dia e começar o movimento de passantes, inesperadamente dona Tereza decide dar uma volta plena madrugada em seu jardim, para se recuperar de uma insônia, coitado do Sr Claudio, a megera deu o viu de cócoras sob a grama bem perto de uma muda de roas, mas quem disse que dona Tereza entendeu que ele estava replantando a mudinha, ela julgou que na posição que estava seu Claudio, ele estava defecando em seu jardim, e imediatamente telefonou para a policia, que prontamente levou seu Claudio, e nunca mais tiveram noticias no mendigo anjo.
Naquele mesmo dia dona Tereza começou uma inspeção em seu jardim, o que ela julgava praga para suas plantas ele tirava, então. Joaninhas, minhocas, casulos e lagartixas, ela tirou daquele ambiente, como se entendesse que esses elementos fossem danosos ao espaço botânico de sua residência, mas o que ela não sabia que tudo isso e mais os cuidados do mendigo indesejado é que defendia seu jardim e o tornava tão belo.
Em pouco tempo o jardim de dona Tereza perdera a beleza, o encanto, a grama cresceu, ficou repleta de folhas e galhos secos, as plantas brotavam desordenadamente, insetos, pulgões e pragas infestaram o seu paraíso, aquilo que era tão belo, e alvo de admiração de quem passava pela calçada, parecia ter desaparecido em tão pouco tempo.
Então dona Tereza se perguntava, que mau ela teria feito a DEUS, pois os anjos haviam abandonado seu jardim.
Pois é, às vezes nós tiramos de nossas vidas algo de aspecto desagradável, mas que é crucial para nossa sobrevivência, julgamos estar fazendo as coisas certas e expulsamos de nossa vida, aquilo que era mais belo.
Autor: Jose Venuto
www.venutoimpactodp.blogspot.com