TORTO >> Eduardo Loureiro Jr.
Eu nem ia escrever crônica hoje. Ia deixar o domingo só pra vocês e o Whisner, que retorna ao Crônica do Dia depois de alguns anos. Mas bateu aquela vontadezinha de escrever, de contar, de compartilhar...
Vocês conhecem aquela história que diz mais ou menos assim?
— Mestre, o que faço para atingir a iluminação?
— Você já roubou?
— Que é isso, Mestre?!
— Já matou?
— Mestre?!
— Já amaldiçoou e se vingou?
— Nunca!
— Pois então vá fazer tudo isso o quanto antes.
Lembrei essa história ao receber uma mensagem de minha querida Pepeta, tia-avó e freira, que já deve ter matado, roubado, amaldiçoado e se vingado bastante, porque é a luz em pessoa. Na apresentação que Pepeta enviou para a lista da família, o assunto era um pinheiro torto, objeto de desafio por parte de um sábio de aldeia, que convocou seus alunos para olharem para o pinheiro na posição correta. Após presenciar uma série de contorcionismos de seus aprendizes, o sábio revelou: "A posição correta é vê-lo mesmo como um pinheiro torto".
Lembrar essa história me fez recordar a canção "Entre tapas e beijos" ("Perguntaram pra mim se ainda gosto dela. / Respondi: 'Tenho ódio e morro de amor por ela'."). Essa canção é um bom exemplo daquilo que, pra mim, está na esfera do absurdo. Sempre reagi a essa canção com a mesma indignação do discípulo da primeira história diante de seu mestre de conselhos heterodoxos:
— Como assim? Ou ama ou odeia! Ou estapeia ou beija! Os dois é que não dá!!!
Faço essa confissão a meus leitores como se a fizesse a um sacerdote:
— Padre, pequei.
— Que foi, meu filho?
— Sou um escritor sem imaginação. Não consigo conceber o amor e o ódio convivendo juntos.
— Só isso, filho?
— Acha pouco, padre.
— Faça uma crônica sobre o assunto e está perdoado.
— Mas, padre...
— Vá e não peque mais.
E cá estou eu, expulso do mosteiro, com a tarefa de viver o que me parecia o mal, de aprender a correta posição do torto e de amar feito um compositor de música brega.
Vocês conhecem aquela história que diz mais ou menos assim?
— Mestre, o que faço para atingir a iluminação?
— Você já roubou?
— Que é isso, Mestre?!
— Já matou?
— Mestre?!
— Já amaldiçoou e se vingou?
— Nunca!
— Pois então vá fazer tudo isso o quanto antes.
Lembrei essa história ao receber uma mensagem de minha querida Pepeta, tia-avó e freira, que já deve ter matado, roubado, amaldiçoado e se vingado bastante, porque é a luz em pessoa. Na apresentação que Pepeta enviou para a lista da família, o assunto era um pinheiro torto, objeto de desafio por parte de um sábio de aldeia, que convocou seus alunos para olharem para o pinheiro na posição correta. Após presenciar uma série de contorcionismos de seus aprendizes, o sábio revelou: "A posição correta é vê-lo mesmo como um pinheiro torto".
Lembrar essa história me fez recordar a canção "Entre tapas e beijos" ("Perguntaram pra mim se ainda gosto dela. / Respondi: 'Tenho ódio e morro de amor por ela'."). Essa canção é um bom exemplo daquilo que, pra mim, está na esfera do absurdo. Sempre reagi a essa canção com a mesma indignação do discípulo da primeira história diante de seu mestre de conselhos heterodoxos:
— Como assim? Ou ama ou odeia! Ou estapeia ou beija! Os dois é que não dá!!!
Faço essa confissão a meus leitores como se a fizesse a um sacerdote:
— Padre, pequei.
— Que foi, meu filho?
— Sou um escritor sem imaginação. Não consigo conceber o amor e o ódio convivendo juntos.
— Só isso, filho?
— Acha pouco, padre.
— Faça uma crônica sobre o assunto e está perdoado.
— Mas, padre...
— Vá e não peque mais.
E cá estou eu, expulso do mosteiro, com a tarefa de viver o que me parecia o mal, de aprender a correta posição do torto e de amar feito um compositor de música brega.
Comentários
O maior deles, sem dúvida, é dizer que você é um escritor sem imaginação. De penitência, trate de sempre escrever mais e mais. :)
Bjs