ISSO NÃO TEM GRAÇA
>> Felipe Peixoto Braga Netto
Tem coisas que de tão brincadas perdem a graça. A idade é uma delas. Todas as piadas já foram feitas, todos os risos já foram ridos (a língua é minha, vai encarar?), não há mais graças possíveis. A gente até ri, mas sem achar graça, ri só por fora.
Da minha, eu não acho graça. Acho só errada, leviana, excessiva. Ela correu demais em anos quando o mais prudente seria ficar parada, quieta, só observando. Estão comemorando 20 anos da queda do muro, lá na Alemanha. Acho que podiam começar a contar daí, muro novo, vida nova. Entrevistaram umas modelos que eu chutaria que teriam uns poucos anos a mais que eu. Até teriam, se valesse a ideia de zerar tudo a partir do muro. Pra que serve um muro, ou um ex-muro, se não para inaugurar novas eras?
Lembro disso porque, ontem, vi uma entrevista. De um responsável pela Bienal em São Paulo. Um senhor. Até simpático, daqueles que as mulheres achariam bonito, mas um senhor. Até aí tudo bem. Até revelarem a idade dele. Eu, que estava deitado no sofá, dei um pulo e caí de pé. O quê? O senhor só tinha uns cinco anos a mais do que eu. Meu Deus, meu Deus, onde esse mundo vai parar? Perderam a noção das coisas. Eu sou um senhor como esse aí? É isso que sou? É assim que os outros me veem?
Fiquei preocupado, fiquei melancólico, não quis mais ver a entrevista. O que quer que ele dissesse, não repararia o estrago de ter nascido só uns anos antes de mim. Há algo errado no mundo. O pior, já lamentou Oscar Wilde, não é que estejamos velhos, é que os outros estão jovens.
Ah, velho Felipe, ah... É melhor não falar sobre isso, é melhor não falar. Fica feio e não cai bem. Só faço um juramento final. Eu juro – juro ajoelhado – que não sei quantos anos tenho. Eu brinco tanto com isso que, se for para falar a matemática verdade, não sei, mas não mesmo. Se me dessem três chances, acertaria. Ou então alguns minutos, porque sei o ano em que nasci. Mas teria que fazer, nos dedos, as contas dele até 2009. Estou rindo mas é verdade. A frase inicial da crônica é falsa.
Da minha, eu não acho graça. Acho só errada, leviana, excessiva. Ela correu demais em anos quando o mais prudente seria ficar parada, quieta, só observando. Estão comemorando 20 anos da queda do muro, lá na Alemanha. Acho que podiam começar a contar daí, muro novo, vida nova. Entrevistaram umas modelos que eu chutaria que teriam uns poucos anos a mais que eu. Até teriam, se valesse a ideia de zerar tudo a partir do muro. Pra que serve um muro, ou um ex-muro, se não para inaugurar novas eras?
Lembro disso porque, ontem, vi uma entrevista. De um responsável pela Bienal em São Paulo. Um senhor. Até simpático, daqueles que as mulheres achariam bonito, mas um senhor. Até aí tudo bem. Até revelarem a idade dele. Eu, que estava deitado no sofá, dei um pulo e caí de pé. O quê? O senhor só tinha uns cinco anos a mais do que eu. Meu Deus, meu Deus, onde esse mundo vai parar? Perderam a noção das coisas. Eu sou um senhor como esse aí? É isso que sou? É assim que os outros me veem?
Fiquei preocupado, fiquei melancólico, não quis mais ver a entrevista. O que quer que ele dissesse, não repararia o estrago de ter nascido só uns anos antes de mim. Há algo errado no mundo. O pior, já lamentou Oscar Wilde, não é que estejamos velhos, é que os outros estão jovens.
Ah, velho Felipe, ah... É melhor não falar sobre isso, é melhor não falar. Fica feio e não cai bem. Só faço um juramento final. Eu juro – juro ajoelhado – que não sei quantos anos tenho. Eu brinco tanto com isso que, se for para falar a matemática verdade, não sei, mas não mesmo. Se me dessem três chances, acertaria. Ou então alguns minutos, porque sei o ano em que nasci. Mas teria que fazer, nos dedos, as contas dele até 2009. Estou rindo mas é verdade. A frase inicial da crônica é falsa.
Comentários
Pra que tanta preocupação. Você é um menino!
no mais, felipe, vc está sumido. bom saber q vc está vivo. velho, mas vivo (sim, é uma brincadeira...rs).
beijos!
beijos,
Felipe Peixoto
Mande notícias.
Abraços Délerson