MEXERICA, AMOR E VESTIDOS >>Carla Dias>>
Minha mãe sempre trabalhou. Ainda criança, foi pra roça ajudar os seus pais, assim como os outros filhos deles.
A primeira lembrança concreta que tenho da minha mãe não remete à época em que ainda era carregada no colo por ela. Na verdade, a lembrança mais antiga é de vê-la sentada na porta de casa, descascando cana para eu, meus irmãos e primos chuparmos; ou fazendo bonecas de sabugo de milho para as meninas brincarem.
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Minha mãe foi costureira. Varou noites trabalhando para cumprir prazos. Lembro-me que nossa sala se transformava em oficina de costura. Mas isso continuou, mesmo depois de ela mudar de emprego. Minha mãe gostava de criar coisas... Gostava de costurar.
Crianças, eu e minhas irmãs e irmão usávamos roupas de segunda mão que ganhávamos de familiares e amigos. E não sei por que, mas posso não me lembrar de pessoas da época da minha adolescência, mas me lembro de adorar usar vestido e calças compridas ao mesmo tempo... E os longos casacos de lã da minha mãe. Obviamente, isso não me tornou a menina mais charmosa da escola.
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Continuo não gostando de entrar em lojas para comprar roupas. Se entrar em uma livraria ou em uma loja de discos, até mesmo na locadora de vídeos, esqueça-me. Mas em lojas de roupas eu entro e saio e não experimento o que compro.
Minha mãe gosta de ajudar pessoas, o que surpreende aqueles que a acham brava. O que seria de nós se não fosse a opção de olharmos o outro mais de perto, não? Porque, apesar do ar grave e das palavras nem sempre dóceis, ela é das mais justas mulheres.
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Neste futuro se espelha um descanso merecido. Dona Alzira tem cuidado de tantos e há tanto tempo; lutado batalhas de quebrar muitos ao meio, que merece cuidar de si, através daquilo que aprecia.
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Minha mãe é das raras pessoas, meus caros. Ensinou a mim e aos meus irmãos da amarelinha à responsabilidade pelas nossas escolhas. Sei que é um papel que qualquer mãe deve desempenhar, mas na prática, sabemos que não é bem assim.
Além do mais, ela faz o melhor café que eu poderia experimentar.
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Comentários
Eduardo: algumas mães nos ensinam a usar os mais ternos sentimentos, não?